Lula demite indicados do Centrão da Caixa, Iphan e Correios após derrota no Congresso

Lula demite indicados do Centrão em órgãos como Caixa e Correios após derrota no Congresso. Decisão visa fortalecer base governista para 2026.
Demissão de indicados do Centrão — foto ilustrativa Demissão de indicados do Centrão — foto ilustrativa

O Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou uma retaliação ao Centrão após uma derrota significativa no Congresso. Por determinação de Lula, ocupantes de cargos indicados por deputados que votaram contra a equipe econômica em uma recente votação na Câmara começaram a ser demitidos.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, confirmou a decisão, explicando que a medida visa reorganizar a base de apoio do governo. “Estamos tirando dos cargos os indicados por deputados que votaram contra a Medida Provisória 1303 porque precisamos reorganizar nossa base. Quem votou contra optou por sair do governo”, declarou Gleisi ao Estadão.

Contexto Político e Eleições de 2026

A ação ocorre em um momento de recuperação da popularidade de Lula, evidenciada por pesquisas recentes. A decisão de remanejar cargos em estatais como Caixa Econômica Federal, Correios e no Iphan, além de superintendências regionais do Ministério da Agricultura e do Dnit, sinaliza uma estratégia para fortalecer a aliança governista visando as eleições de 2026.

Entre os exonerados estão indicados do PP, União Brasil, PSD, MDB e PL. No entanto, o presidente da Caixa, Carlos Vieira, indicado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), permanece no cargo, uma vez que Lira se ausentou da votação que derrubou a MP 1303.

A Medida Provisória e o Revés do Governo

A Medida Provisória 1303, considerada crucial pela equipe econômica para o equilíbrio fiscal, propunha alternativas a um aumento maior do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A MP foi retirada de pauta na Câmara com um placar de 251 votos contra 193. Essa derrota foi atribuída à aliança entre o PL de Jair Bolsonaro e o Centrão, resultando na perda de validade da medida que taxava bancos, bets e alguns ativos financeiros.

Gleisi Hoffmann informou ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que o governo não aceitaria as traições e conversou com líderes dos partidos envolvidos. “Não se trata de uma simples retaliação. Queremos saber com quem podemos contar, quem realmente está com o governo, e isso vale para todos”, afirmou Gleisi. “O corte não é partidário, mas diz respeito ao comportamento do parlamentar que integra a base do governo nas votações”.

Movimentações de Oposição e Consequências Partidárias

Partidos como União Brasil e PP, expoentes do Centrão, vêm sinalizando a construção de uma candidatura de oposição a Lula em 2026, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como nome preferencial. A demissão de cargos reforça a posição do governo de exigir lealdade de seus aliados.

Exemplos da aplicação da medida incluem a exoneração de Lena Brandão Fernandes, superintendente do Iphan no Maranhão e irmã do líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas (MA), que votou contra a MP 1303. Anteriormente, Pedro Lucas chegou a ser cotado para o Ministério das Comunicações, mas recusou o convite.

Em movimentos paralelos, o União Brasil destituiu o ministro do Turismo, Celso Sabino, de suas funções partidárias, e o PP fez o mesmo com o titular do Esporte, André Fufuca. Ambos, apesar de alinhados a seus partidos, optaram por permanecer no governo, buscando apoio de Lula para pré-candidaturas ao Senado em 2026.

Governança e Próximos Passos Legislativos

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), confirmou a orientação para “passar a faca” nos indicados de parlamentares opositores. “Será uma nova fase. Não é razoável o que aconteceu na votação da Medida Provisória e nunca é tarde para se tomar decisões”, argumentou Guimarães, destacando a importância para a governabilidade e a aprovação de propostas cruciais até meados de 2026, como o Orçamento, a PEC da Segurança Pública e a isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil, vista como um dos carros-chefe da campanha de reeleição de Lula em 2026, ainda precisa ser aprovada pelo Senado. O governo demonstra confiança no apoio da Casa, liderada por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Fonte: Estadão

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