O Ibovespa reage positivamente ao bom humor Internacional e à nova sinalização de alívio na inflação brasileira, refletida no Boletim Focus. Investidores avaliam o discurso mais ameno do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as tarifas impostas à China, que haviam gerado apreensão na sexta-feira. A cautela anterior dos mercados cede espaço a um otimismo parcial, embora analistas alertem para a imprevisibilidade do mandatário americano.






Contexto Internacional e Reação do Mercado
Após o anúncio de tarifas de 100% sobre a China a partir de novembro, Donald Trump moderou seu tom, afirmando que os EUA “querem ajudar a China, não prejudicá-la”. Essa declaração impulsionou as bolsas em Nova York e na Europa, que avançaram firmemente, acima de 1%. O petróleo também seguiu a tendência de alta, e o minério de ferro fechou com valorização de 1,13% na China. Essa recuperação externa se reflete na carteira teórica do Ibovespa, onde a maioria dos papéis apresenta ganhos.

Entre as poucas quedas no Ibovespa, destacam-se o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) e a Raízen (RAIZ4). O GPA anunciou mudanças em sua administração, com a eleição de André Coelho Diniz para a presidência do Conselho de Administração. A Raízen, por sua vez, reafirmou que não considera reestruturações de dívida ou pedidos de recuperação judicial.

Silvio Campos Neto, economista sênior da Tendências Consultoria, observa que o desempenho atual é uma correção após o estresse de sexta-feira. Ele ressalta, contudo, que a imprevisibilidade de Trump pode trazer volatilidade a qualquer momento, impedindo um retorno completo ao ambiente de tranquilidade anterior.
IPCA no Boletim Focus e Cenário Político
A pesquisa Boletim Focus trouxe um alívio nas estimativas de inflação para o Brasil. A projeção para o IPCA deste ano caiu de 4,80% para 4,72%, e para 2028, de 3,70% para 3,68%. A projeção mediana para os próximos 12 meses também recuou de 4,21% para 4,13%. Apesar disso, as estimativas para a taxa Selic permanecem em 15% para o fim de 2025 e 12,25% para o final do próximo ano.

Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital, aponta a inflação como um ponto positivo, mas alerta que o cenário político em Brasília continua sendo o principal fator de atenção. A votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é vista como crucial e pode gerar volatilidade, especialmente diante do embate entre Governo e Congresso. Qualquer sinal de aumento no risco fiscal impactará negativamente os ativos.
A Comissão Mista de Orçamento (CMO) adiou novamente a votação do PLDO, agora prevista para esta terça-feira. A expectativa é de atenção aos desdobramentos das negociações de tarifas entre Brasil e EUA, além da liberação de reféns em Gaza.
Próximos Passos e Agenda Econômica
A semana será recheada de divulgações importantes. No Brasil, serão divulgados dados de atividade econômica, como vendas no varejo, volume de serviços e o IBC-Br. No exterior, o destaque fica com o Livro Bege nos EUA e os dados de inflação chinesa. As reuniões anuais de Primavera do FMI e do Banco Mundial em Washington também começam nesta segunda-feira e seguem até sábado.

A temporada de balanços do terceiro trimestre de empresas norte-americanas também se inicia. O Ibovespa opera em alta, buscando recuperar os níveis de fechamento de sexta-feira, quando encerrou o pregão em queda de 0,73%, aos 140.680,34 pontos, impactado por receios fiscais.

Em Nova York, o índice Nasdaq lidera os avanços, com investidores ajustando posições e monitorando os desdobramentos das tensões entre EUA e China. As falas de Trump e do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, indicam que as negociações comerciais continuam em curso.

Os investidores também seguem atentos à definição das medidas de compensação fiscal após a derrubada de uma Medida Provisória que oferecia alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).


Fonte: InfoMoney