O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que programas de ajuste fiscal não devem ser utilizados como justificativa para a redução de investimentos sociais. Em discurso durante a reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza, em Roma, Lula defendeu que o combate à pobreza é o principal motor da economia.

Dirigindo-se a bancos multilaterais e países doadores, o presidente ressaltou a necessidade de rever prioridades, destacando que os recursos disponíveis devem ser direcionados para enfrentar os desafios urgentes da humanidade. “Programas de ajuste fiscal não são um fim em si mesmo que justifiquem a redução do investimento em desenvolvimento humano e social”, declarou Lula na capital italiana, sede da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Combate à pobreza como motor econômico
Lula enfatizou que não existe estímulo mais eficaz para a economia global do que o combate à fome e à pobreza. Segundo ele, a mobilização de recursos para essas causas impulsiona o consumo, aquece o Mercado e gera novos ciclos de desenvolvimento. “Quando isso acontece, o consumo aumenta, o mercado aquece e novos ciclos de desenvolvimento florescem”, argumentou.
O presidente citou como exemplo a recente aprovação pela Câmara dos Deputados da isenção do imposto de renda para rendas de até R$ 5 mil mensais, a ser compensada por uma alíquota maior para quem ganha acima de R$ 600 mil anuais. “Essa progressividade tributária vai ampliar os recursos para o financiamento de políticas públicas essenciais”, disse.
Apesar da fala do presidente, o Ministério da Fazenda e o ministro Fernando Haddad têm mantido a posição de que as mudanças no IR não possuem caráter arrecadatório e são fiscalmente neutras.

Críticas ao protecionismo e defesa da tributação
Em outro momento, durante a abertura do Fórum Mundial de Alimentação na FAO, Lula criticou o protecionismo comercial de países desenvolvidos, afirmando que essas políticas desestruturam a produção agrícola em nações em desenvolvimento. Ele também reforçou a necessidade de garantir que os mais ricos paguem os tributos devidos. “É preciso saber se as pessoas estão pagando os tributos certos por aquilo que ganham no país”, declarou.
Anteriormente, Lula visitou o papa Leão 14 no Vaticano, acompanhado pela primeira-dama Janja Lula da Silva, onde discutiu temas como religião, fé e os desafios globais. A declaração sobre a visita foi feita em uma publicação na rede social X.
Fonte: InfoMoney