Tarcísio em 2026: Especialistas preveem ambiguidade política

Especialistas analisam a ambiguidade política de Tarcísio de Freitas, prevista para se estender até 2026, e suas implicações para o cenário eleitoral brasileiro.
Tarcísio de Freitas 2026 — foto ilustrativa Tarcísio de Freitas 2026 — foto ilustrativa

A ambiguidade na postura política do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deve se estender até as eleições de 2026, segundo analistas. A estratégia do governador visa a angariar apoio tanto de eleitores moderados quanto do segmento bolsonarista, mantendo um equilíbrio delicado em seu eleitorado.

Discursos e Posicionamentos de Tarcísio de Freitas

O governador Tarcísio de Freitas tem alternado discursos e ações que geram incertezas sobre seus próximos passos. Em eventos recentes, como o protesto bolsonarista de 7 de Setembro na Avenida Paulista, ele criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que o ex-presidente Jair Bolsonaro seria o candidato em 2026. Essa fala ocorreu enquanto cumprimentava apoiadores, em tom de campanha.

Contudo, em outros momentos, Tarcísio tem buscado enfatizar a sua preferência pela reeleição em São Paulo e elogiou a Justiça Eleitoral. Essa dualidade de posições é vista por especialistas como uma tática para não alienar nenhum grupo de eleitores.

Tarcísio de Freitas em evento político
Tarcísio de Freitas discursa em evento político em São Paulo.

Análise de Especialistas sobre a Estratégia Política

Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político da FGV, compara a situação de Tarcísio à de Gilberto Kassab, que consegue conciliar apoio a diferentes espectros políticos. “Tarcísio vai ter de continuar ‘kassabeando’, com os pés em duas canoas”, afirma Teixeira, referindo-se à necessidade de agradar tanto os bolsonaristas quanto setores que buscam uma via mais moderada.

O governador busca manter a fidelidade ao ex-presidente Bolsonaro, mesmo após sua inelegibilidade. Ao mesmo tempo, Tarcísio entende que uma guinada radical pode afastar o eleitorado de centro, crucial para uma candidatura competitiva. Essa ambiguidade, portanto, deve se intensificar à medida que as eleições de 2026 se aproximam.

José à lvaro Moisés, cientista político da USP, concorda que a condenação de Bolsonaro pode não afastar o radicalismo, mas sim reforçar a narrativa de perseguição, o que pode recrudescer o movimento. A postura ambivalente de Tarcísio reflete a fragmentação da direita após a saída de Bolsonaro do cenário eleitoral.

Manifestantes bolsonaristas em protesto
Apoiadores de Jair Bolsonaro participam de manifestações.

Trajetória e Contexto Histórico da Direita no Brasil

A ambiguidade não é novidade na carreira de Tarcísio. Ele atuou no Governo de Dilma Rousseff (PT) como diretor do Departamento de Infraestrutura de Transportes e, posteriormente, tornou-se ministro da Infraestrutura de Bolsonaro. Essa trajetória técnica e política o posicionou como uma figura capaz de dialogar com diferentes setores.

A antropóloga Isabela Kalil, do Observatório da Extrema Direita, destaca que o bolsonarismo sempre agregou grupos heterogêneos. O futuro candidato da direita precisará mobilizar esses segmentos, sem deixar de dialogar com o centro. A direita radical sempre existiu no Brasil, com movimentos como a Ação Integralista Nacional no passado, cujos lemas foram resgatados por Bolsonaro.

Para sustentar uma possível candidatura presidencial, Tarcísio pode contar com a federação entre o União Brasil e o PP, que formará uma das maiores bancadas do Congresso Nacional. Essa aliança representa uma força política significativa para disputar espaço dentro do espectro bolsonarista.

Governador Tarcísio de Freitas em reunião
Tarcísio de Freitas avalia estratégias políticas para 2026.

Em última instância, a ambiguidade de Tarcísio de Freitas é vista como uma estratégia calculada para navegar em um eleitorado fragmentado e em um cenário político volátil. A postura reflete a necessidade de equilibrar forças e agradar diferentes bases eleitorais, em uma jogada que evoca a figura maquiavélica do líder que é tanto leão quanto raposa.

Fonte: Folha de S.Paulo

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