A figura de Francisco Glicério, considerado um dos maiores e mais eficientes evangelizadores da República brasileira, é resgatada 110 anos após sua morte. Falecido em 12 de abril de 1926, Glicério, nascido em Campinas, deixou um legado de dedicação ao estado e ao país, sendo lembrado por sua bondade e simplicidade em ajudar os necessitados, mesmo em tempos de crises e epidemias.
O Legado de Francisco Glicério
Pelágio Lobo, em sua obra “Velhas Figuras de São Paulo“, descreve Glicério como um dos mais ilustres filhos de Campinas, notável pelo devotamento e pela capacidade de unir as pessoas em momentos difíceis. A memória de Glicério, que repousa no Cemitério da Saudade em Campinas, parece se agigantar com o tempo, consolidando-o como uma figura tutelar na história do Brasil.
Os “Cinco Mosqueteiros de Glicério”
Um dos episódios mais marcantes associados a Francisco Glicério foi a atuação de um grupo de jovens republicanos, conhecidos como “Os Cinco Mosqueteiros do Partido”. Formados por Alberto Sarmento, Alfredo Pujol, Carlos de Campos, Herculano de Freitas e Júlio Mesquita, esses estudantes e recém-formados em Direito eram designados para missões cruciais de propaganda e articulação política entre 1884 e 1889, em prol da causa republicana. Suas ações eram tão eficazes que assustavam as forças monárquicas.
Estratégias de Conquista Política
A atuação dos “Mosqueteiros” era fundamental para a Vitória da República em diversas frentes. Um caso notório envolveu a conquista de votos de um influente fazendeiro, cuja decisão era fortemente influenciada por sua esposa. Glicério, com sua perspicácia, convocou seus jovens aliados para persuadir a mulher a votar no Partido Republicano Paulista (PRP). A missão, embora desafiadora, foi cumprida com sucesso, garantindo os votos do distrito para a causa republicana. Adversários atribuíram a vitória à soltura da “cachorrada” de Glicério, mas ele mesmo brincou que bastou um “perdigueiro” para influenciar a decisão.
A República e os Desafios Atuais
Esses republicanos, movidos por um idealismo que acreditava na República como solução para todos os problemas nacionais, hoje certamente se questionariam ao observar o estado atual da República Federativa do Brasil. A falta de figuras com a inspiração e a capacidade de articulação dos “Mosqueteiros” de Glicério levanta a questão sobre os novos personagens e as estratégias que moldam a política brasileira contemporânea.
Fonte: Estadão
