A Inteligência Artificial (IA) está impulsionando a eficiência nas empresas brasileiras de seguros, com um potencial de exploração ainda maior. O setor, intrinsecamente ligado à análise de dados, prevê uma expansão significativa da IA, gerando grandes impactos nos próximos anos.
Seguradoras tradicionalmente analisam dados históricos de bens e pessoas para calcular riscos futuros associados a apólices. A IA acelera e aprimora essas análises, otimiza o cálculo de preços, detalha coberturas e agiliza processos internos, elevando a satisfação do cliente.
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) divulgou recentemente um estudo indicando que os investimentos do setor em inovação saltarão de R$ 16,7 bilhões em 2023 para quase R$ 20 bilhões em 2024. Uma parcela expressiva desses recursos é direcionada à automação e agilidade proporcionadas pela IA.
Segundo o estudo, as empresas buscam com a IA melhorar a otimização de sinistros, a emissão de apólices e o atendimento ao cliente, visando redução de Custos e maior eficiência operacional. 84% das empresas relataram atingir expectativas na melhoria da experiência do cliente, e 56% em ganhos financeiros.
“A inteligência artificial é empregada em várias etapas e processos de uma seguradora, em questões relacionadas ao atendimento ao cliente, como os chatbots, e em vistorias para seguros. Também em questões relacionadas à análise de sinistro e análise de documentos”, afirma Alexandre Leal, diretor Técnico de Estudos e Relações Regulatórias da CNSeg.
Avanços e Potencial da IA no Setor de Seguros
Alessandra Montini, diretora do LabData e professora da FIA Business School, destaca que o setor de seguros no Brasil ainda tem “muita margem para avançar” na adoção da IA, o que potencializaria eficiência e ganhos. Ela vislumbra a IA transformando o processo de sinistros, tornando-o mais ágil.
Em casos como acidentes de carro, um cliente pode enviar um vídeo do veículo danificado, e a IA analisaria as imagens para agilizar o processo, estimar custos, verificar oficinas e enviar um guincho. Leal também prevê o uso crescente de IA na subscrição, a análise de riscos para precificar apólices de forma mais adequada, evoluindo o investimento em big data e análise de dados.
A IA pode analisar dados em larga escala, criar modelos preditivos e avaliar riscos de forma personalizada, auxiliando seguradoras na decisão de emitir apólices e calcular preços.
A professora ressalta que a IA identifica padrões e tendências que humanos poderiam não perceber, analisando dados de sinistros, informações demográficas e condições meteorológicas. Algoritmos de aprendizado de máquina preveem probabilidade de eventos de risco, permitindo ajustes precisos em apólices e preços. Além disso, a IA analisa o perfil individual do cliente para uma avaliação de risco mais precisa e personalizada.
IA Aprimora Detecção de Fraudes em Seguros
Alexandre Leal aponta a detecção de fraudes como uma aplicação com “muito futuro” para a IA no setor de seguros, auxiliando na identificação de comportamentos suspeitos e antecedentes de potenciais fraudadores.
Algoritmos de IA podem combater fraudes avaliando perfis de clientes, prevendo comportamentos fraudulentos com base em dados históricos, monitorando bens segurados em tempo real, detectando padrões suspeitos, verificando autenticidade de documentos e identificando sinistros falsos ou exagerados. Essas ações podem levar a seguradoras a tomarem medidas preventivas antes que as fraudes ocorram.
Contudo, a análise de dados por seguradoras exige cuidados, conforme Leal. A proteção de dados pessoais, garantida pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), é fundamental. O outro cuidado é com a escolha dos dados e a imparcialidade dos resultados, evitando que a IA tome decisões enviesadas ou discriminatórias.
Fonte: Estadão