O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) que pretende impor uma tarifa de 100% sobre todos os produtos provenientes da China. A medida é uma resposta direta às restrições impostas por Pequim sobre minerais críticos, com foco especial nas terras raras, essenciais para tecnologias avançadas e para a indústria bélica.
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Gatilho: Restrições Chinesas a Minerais Críticos
A decisão de Trump visa retaliar a China pelas recentes limitações à exportação de minerais essenciais, como as terras raras. Esses materiais são cruciais para a fabricação de uma vasta gama de produtos, desde motores de carros elétricos até componentes de caças militares. A China, que detém a maior parte da produção global desses minerais, tem utilizado essa vantagem estratégica em meio às crescentes tensões comerciais com os EUA.
Escalada de Tensões e Cancelamento de Reunião
O anúncio de Trump, feito através da rede social Truth Social, indica que as tarifas entrariam em vigor em 1º de novembro, somando-se às tarifas já existentes sobre exportações chinesas. O presidente americano também ameaçou impor controles de exportação sobre softwares críticos. A declaração ocorreu após Trump ameaçar cancelar uma reunião previamente agendada com o líder chinês, Xi Jinping, programada para ocorrer na Coreia do Sul. Trump classificou as restrições chinesas de “sinistras e hostis” e declarou que não via mais razão para o encontro.
Impacto nos Mercados e Empresas de Tecnologia
A notícia gerou forte instabilidade nos mercados financeiros, com o índice S&P 500 registrando queda de mais de 2%. Empresas de tecnologia, especialmente as do setor de semicondutores, foram duramente atingidas. Ações de empresas como Nvidia e Advanced Micro Devices (AMD) sofreram quedas significativas, refletindo a preocupação com a interrupção das cadeias de suprimentos. Analistas alertam que as novas restrições podem complicar a produção de importantes empresas americanas que dependem de componentes chineses.
Análise Política e Econômica
A medida de Trump é vista por alguns como uma tática para aumentar a influência antes do encontro com Xi Jinping, mas pode ter o efeito contrário. Críticos apontam que a situação reforça a necessidade de os Estados Unidos diminuírem sua dependência da economia chinesa. O presidente do Comitê Seleto da Câmara sobre a China, John Moolenaar, descreveu a ação chinesa como “uma declaração econômica de guerra contra os Estados Unidos”.
Wendy Cutler, vice-presidente sênior do Asia Society Policy Institute, destacou a fragilidade da relação bilateral e a assertividade crescente da China. Ela ressaltou que as contramedidas de Trump demonstram que “dois podem jogar este jogo”.
Outras Frentes de Batalha Comercial
Além das terras raras e tecnologias, outros setores também sofrem com a disputa comercial. O Mercado de soja nos Estados Unidos também foi afetado por tarifas retaliatórias chinesas, gerando preocupação entre produtores americanos. A Associação Americana de Soja expressou decepção com o cancelamento da reunião entre Trump e Xi, alertando para os impactos negativos de guerras comerciais em produtores que já enfrentam crises financeiras.
Fonte: Estadão