Lobista do STJ usava contatos falsos no celular para vender decisões

Lobista do STJ criava contatos falsos no celular com nomes de advogados, simulando ser servidores, para vender decisões judiciais. PF investiga esquema.
lobista cria falsos contatos STJ — foto ilustrativa lobista cria falsos contatos STJ — foto ilustrativa

O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, sob investigação por supostamente comercializar decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), utilizava uma tática inusitada: criava contatos falsos em seu celular, atribuindo nomes de advogados a eles, mas simulando serem servidores da corte. A Defesa do lobista não se pronunciou, alegando sigilo do caso.

Celular apreendido em investigação da Polícia Federal contra lobista do STJ.
Celular apreendido em investigação da Polícia Federal contra lobista do STJ.

Uso de contatos falsos para simular influência

A Polícia Federal (PF), através da Operação Sisamnes, obteve dados da nuvem do celular de Andreson e descobriu diálogos onde o lobista se comunicava com um assessor do STJ sob o contato salvo como “Márcio Gallotti”. Na realidade, este contato correspondia a Márcio José Toledo Pinto, que atuava nos gabinetes das ministras Isabel Gallotti e Nancy Andrighi. A PF aponta que Andreson pagou R$ 4 milhões a Pinto para ter Acesso a minutas de decisões judiciais.

A investigação indica que minutas de decisões das ministras Isabel Gallotti e Nancy Andrighi foram acessadas por Márcio José Toledo Pinto dentro do sistema do STJ. A ministra Nancy Andrighi informou que colocou seu gabinete à disposição para esclarecimentos e que o servidor foi dispensado sumariamente em agosto de 2024, sendo demitido do STJ em 2025 após processo administrativo disciplinar.

Estratégias de ocultação e venda de influência

Os nomes salvos no celular do lobista nem sempre correspondiam aos servidores reais, levantando a suspeita de que essa prática servia para dissimular tratativas ilícitas ou para vender a ideia de influência. Outro contato, atribuído a Daimler Alberto de Campos, ex-chefe de gabinete da ministra Isabel Gallotti, correspondia, na verdade, a um advogado. A Defesa de Campos alega que seu nome foi usado indevidamente para venda de influência.

A PF identificou que contatos salvos com nomes como “Leo Gab Og” e “Falcão”, ligados a assessores do ministro Geraldo Og Fernandes, também pertenciam a advogados, não aos servidores. A investigação inicial sobre vazamento de uma decisão sigilosa na Operação Faroeste, que apontava o ex-chefe de gabinete Rodrigo Falcão, foi reavaliada pela PF, que constatou que a decisão já estava disponível publicamente em um site jornalístico.

Esquema de lobista que usava contatos falsos no celular para vender decisões do STJ.
Esquema de lobista que usava contatos falsos no celular para vender decisões do STJ.

Aprofundamento das investigações

A Polícia Federal solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, autorização para aprofundar as investigações sobre o uso de linguagem cifrada, codinomes, contatos fictícios e documentos mascarados. O relatório da PF ressalta que a prática de salvar números telefônicos sob nomes de terceiros é um expediente comum em contextos de ocultação de ilícitos, visando despistar a vinculação entre os interlocutores e as tratativas.

Fonte: Estadão

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