A declaração de José Dirceu sobre a Prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL) gerou uma divisão clara dentro do PT. A manifestação provocou tanto Críticas públicas quanto elogios em grupos fechados, além de um constrangimento velado entre alguns membros do partido.



Em Entrevista recente, Dirceu afirmou que o ex-presidente Bolsonaro, condenado a 27 anos em regime fechado por sua participação em uma trama golpista e que atualmente cumpre prisão domiciliar, “não tem condições de ir para a prisão”. Dirceu justificou seu ponto de vista citando a instabilidade e a falta de autocontrole de Bolsonaro, além de questões de saúde e a importância do apoio familiar.
O ex-ministro relembrou suas próprias passagens pela prisão, incluindo detenções durante a ditadura militar, o mensalão e a Lava Jato. Ele argumentou que a complexidade do sistema penitenciário brasileiro e as condições precárias, aliadas à saúde debilitada de Bolsonaro, tornariam inadequada a sua entrada no sistema prisional comum.
Contexto da Declaração de Dirceu
Dirceu destacou que, mesmo no caso do presidente Lula (PT), houve a possibilidade de cumprir pena em regime diferenciado na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, em vez de um presídio convencional. Ele ressaltou a dificuldade de colocar indivíduos vulneráveis no sistema penitenciário, que enfrenta desafios significativos de controle e segurança.
A posição de Dirceu gerou reações diversas. Enquanto alguns petistas, falando sob reserva, expressaram constrangimento e consideraram a declaração uma “derrapada grande”, outros defenderam que a Justiça deve prevalecer sobre a vingança, enaltecendo a manifestação de generosidade do ex-ministro.
Reações no PT
O deputado federal Rogerio Correia (PT-MG) criticou publicamente a fala de Dirceu nas redes sociais, questionando por que Bolsonaro não suportaria um presídio brasileiro, citando casos anteriores e o histórico de saúde do ex-presidente. Correia enfatizou que a decisão sobre as condições de cumprimento da pena cabe ao sistema penal e ao serviço médico oficial.
Em contrapartida, em grupos de WhatsApp, alguns filiados elogiaram a declaração de Dirceu. Mensagens indicavam que a justiça deve ser humanizada e que a fala do ex-ministro representou um ato de generosidade. O vice-presidente do PT, Washington Quaquá, prefeito de Maricá, expressou uma opinião divergente, mas não de discordância direta. Ele acredita que Bolsonaro deveria cumprir prisão em regime fechado por pelo menos um ano, argumentando que o ex-presidente atacou a democracia.
A divergência de opiniões dentro do PT sobre a Defesa de Dirceu à prisão domiciliar de Bolsonaro reflete diferentes interpretações sobre justiça, política e o tratamento de ex-líderes políticos condenados. O caso evidencia a complexidade das relações partidárias e a variedade de perspectivas sobre como lidar com figuras controversas do cenário político brasileiro.
Fonte: Folha de S.Paulo