Tarcísio “culpado” por queda de MP: aliados veem erro do Planalto

Aliados de Tarcísio veem erro em Lula culpá-lo por queda de MP que aumentava impostos. Governador fortalece imagem antipetista.
Tarcísio de Freitas — foto ilustrativa Tarcísio de Freitas — foto ilustrativa

Aliados do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), consideram um erro a estratégia do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em atribuir a ele a responsabilidade pela derrubada da Medida Provisória 1.303. A MP previa medidas de arrecadação alternativas ao aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). A avaliação do entorno de Tarcísio é que o Palácio do Planalto, ao culpar o governador, acaba por fortalecer sua imagem como principal liderança antipetista.

Análise de dados: rejeição à MP e aprovação de Tarcísio

Uma análise da consultoria de dados AP Exata revelou que a maioria das publicações nas redes sociais sobre o assunto (58,7%) foi contrária à medida provisória, com apenas 23,9% a favor e 17,4% neutras. Foram analisadas 35 mil menções no X e no Instagram entre quarta-feira, 8, e quinta-feira. A consultoria também apontou que quase metade das menções (49,6%) à atuação de Tarcísio para derrubar a MP foram positivas, especialmente entre perfis de direita (78,5%) e de centro (55,4%).

“O episódio consolida a Liderança de Tarcísio de Freitas junto à direita, o que dá a ele mais uma credencial para um eventual candidatura presidencial”, analisou Sérgio Denicoli, colunista do Estadão e CEO da AP Exata. Ele destacou que o governador demonstrou resiliência diante de ataques da esquerda e obteve aprovação entre moderados ao tentar evitar o aumento de impostos.

“Um desempenho considerável, se pensarmos que a esquerda vinha dominando a narrativa nas redes de forma sucessiva, com o tarifaço de Trump, PEC da Blindagem e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco mil reais, mas agora perde essa dominância com a questão da MP 1.303”, completou Denicoli.

Disputa política e projeções eleitorais

O governador de São Paulo é visto como potencial adversário de Lula na eleição presidencial de 2026, embora reitere seu foco na reeleição estadual. Uma pesquisa Genial/Quaest divulgada recentemente aponta que Lula tem uma vantagem de 12 pontos percentuais sobre Tarcísio no segundo turno, a maior diferença registrada este ano, com 45% das intenções de voto contra 33% do governador paulista.

A disputa em torno da MP 1.303 intensificou o embate. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), acusou Tarcísio de agir “em detrimento dos interesses nacionais para proteger a Faria Lima”. Já a ministra Gleisi Hoffmann (PT) afirmou que o governador “quer esconder do eleitor é que ele é o candidato dos bilionários, das bets e dos golpistas”.

Em resposta, Tarcísio gravou um vídeo contundente contra o PT, acusando o partido de promover uma “ampla campanha de desconstrução de reputação” e usar dinheiro público para “vender um mundo perfeito na Publicidade”. Ele declarou: “Agora, ficar jogando uns contra os outros de forma absurda e querer que a população apoie aumento de impostos, e eram 10 impostos que iriam ser aumentados ontem, ninguém, nem eu, nem o País, vai apoiar. Já chega. Vamos parar de inventar culpado. Tenha vergonha, Haddad! Respeitem os brasileiros, cortem gastos. A gente precisa governar e sair do palanque”.

Contexto da MP e articulações políticas

A MP 1.303 poderia elevar a arrecadação do governo em cerca de R$ 17 bilhões em 2026, ano eleitoral. Deputados relataram ter recebido ligações tanto do presidente Lula quanto do governador Tarcísio em torno da medida. Embora Tarcísio tenha negado ter ligado para deputados pedindo votos contra a MP, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), agradeceu publicamente seu empenho na articulação contra a medida, citando Tarcísio como um “gigante no diálogo com presidentes de partidos de Centro”.

Em paralelo, Tarcísio tem articulado em Brasília o avanço do projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, aos condenados pelo 8 de Janeiro e na trama golpista. Após reuniões do governador na capital federal, a urgência da proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados. O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) assumiu a relatoria e deve propor a redução de penas em vez do perdão judicial.

Fonte: Estadão

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