O Brasil possui um potencial significativo para se tornar um centro global de industrialização sustentável, conforme destacado por Pablo Roberto Fava, CEO da Siemens no País. Em Entrevista, Fava ressaltou a posição avançada do Brasil em energia e sua capacidade de integrar tecnologia industrial com práticas ambientais responsáveis.

“A oportunidade é enorme. O Brasil está muito à frente, principalmente na questão energética. Dentro da Siemens, vemos o País como um centro que pode ser a resposta para uma industrialização sustentável do futuro”, afirmou o executivo.
A proximidade da COP-30, que ocorrerá em Belém, é vista como um ponto de partida crucial para apresentar soluções e tecnologias. A Siemens planeja demonstrar avanços em saneamento, energia e em startups que utilizam os recursos da chamada “Amazônia viva” para gerar valor de forma sustentável.

Siemens na COP-30: Tecnologias para a Amazônia Viva
A Siemens apresentará na COP-30 um estudo chamado “Pictures of Transformation”, que projeta o futuro do Brasil em 2035 e traça um caminho reverso para alcançar essa visão. O foco será em tecnologias que protegem a Biodiversidade e geram valor a partir dos recursos naturais amazônicos. Um programa chamado “Tech for Amazônia” trará quatro iniciativas como provas de conceito.
Inovações para a Região Amazônica
Entre as iniciativas destacadas estão:
- Nanofábricas inteligentes: Pequenas unidades de produção remota para rastreabilidade e processamento de ingredientes da Amazônia viva, evitando a degradação da biomassa através da transformação digital.
- Cultivo automatizado de mudas: Tecnologia para aumentar a eficiência e reduzir perdas no plantio, acelerando processos.
- Projeto com castanhas-do-pará: Uso de visão computacional para garantir a qualidade e detectar contaminação na produção.
- Quarto caso: Um projeto ainda sob confidencialidade focado em transformação digital.
Potencial Energético e Industrial do Brasil
O Brasil se destaca globalmente pela sua matriz energética predominantemente sustentável, com mais de 80% proveniente de fontes limpas. Essa característica, combinada com o potencial para produção de hidrogênio verde e biomassa, posiciona o país como um candidato forte para a industrialização descarbonizada.
A Hannover Messe, onde o Brasil será país parceiro, também reforça essa imagem. No entanto, para destravar esse potencial, é fundamental atrair “off-takers”, ou seja, compradores dispostos a pagar por produtos sustentáveis e a demandar processos certificados digitalmente, combatendo o greenwashing.
Hidrogênio Verde e Combustível Sustentável de Aviação (SAF)
O Brasil tem a ambição de usar o hidrogênio verde para produzir internamente aço verde e fertilizante verde, agregando valor localmente. Similarmente, o desenvolvimento do SAF (combustível sustentável de aviação) no Brasil pode apresentar uma vantagem competitiva em termos de custo, crucial para competir com o querosene tradicional.
Sustentabilidade e Digitalização na Siemens
A sustentabilidade é um pilar antigo para a Siemens, com relatórios anuais desde 2011. A empresa foca em circularidade, eficiência energética e descarbonização, com investimentos em energia solar e bancos de baterias. A transformação digital, incluindo a inteligência artificial (IA), é vista como a ferramenta mais poderosa para enfrentar os desafios atuais, como o uso consciente e inclusivo de recursos naturais.
“Você não vai ser substituído pela IA. Vai ser substituído por quem souber usá-la melhor que você”, comentou o CEO sobre o impacto da IA no mercado de trabalho, enfatizando a necessidade de requalificação e inclusão digital.
Avanços em Saúde e Inovação
Através da Siemens Healthineers, a empresa investe em tecnologias de imagem e laboratório, além de ter adquirido a Dotmatics para acelerar o desenvolvimento de medicamentos com IA. Os investimentos abrangem diversas indústrias, desde alimentos e saneamento até automotivo e farmacêutico.
Expectativas para a COP-30 e o Futuro
Fava espera que a COP-30, realizada na Amazônia, gere consciência e prioridade para a sustentabilidade em um mundo marcado por conflitos. Ele ressalta a importância da colaboração e de investimentos para o futuro do planeta. O setor privado e público demonstram receptividade, e iniciativas como o “Tech for Amazônia” mostram caminhos promissores para o futuro.
Fonte: Estadão