Crédito Imobiliário: BC anuncia mudança estrutural, não paliativo

BC anuncia mudança estrutural no crédito imobiliário. Novo modelo, sem soluções paliativas, visa beneficiar classe média e impulsionar a economia.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, discursa sobre novo crédito imobiliário. Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, discursa sobre novo crédito imobiliário.

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, anunciou nesta sexta-feira que o novo modelo de crédito imobiliário representa uma mudança estrutural, afastando-se de soluções paliativas. Segundo Galípolo, essa iniciativa atende a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discussões sobre a reforma do sistema habitacional.

Galípolo destacou que o crédito imobiliário é um dos indicadores cruciais da saúde econômica do país. Embora o programa Minha Casa, Minha Vida tenha impulsionado avanços, o modelo atual de habitação no Brasil enfrenta desafios devido à dependência de recursos de poupadores, com tendência de redução na disponibilidade dessas verbas. Ele também apontou para uma baixa harmonia entre as fontes de recursos com liquidez diária, apresentando a nova proposta como um primeiro passo de transição.

Contexto da Mudança no Financiamento Imobiliário

As discussões entre o BC e entidades de Mercado sobre a reforma do financiamento imobiliário ganharam força em face da diminuição da participação da poupança no volume total de recursos destinados a esse setor. Entre 2023 e 2024, a participação da poupança caiu de 34% para 32%, um retrocesso em relação aos 39% registrados em 2022, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, discursa sobre novo crédito imobiliário.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, apresentou as novidades do crédito imobiliário.

Detalhamento do Novo Modelo de Crédito

Uma das principais alterações envolve as regras para o uso da poupança. Atualmente, 65% dos recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) devem ser alocados no crédito imobiliário, 20% em recolhimento compulsório junto ao BC e os 15% restantes ficam livres para os bancos. A transição para o novo modelo será gradual, com início ainda este ano e plena vigência prevista para janeiro de 2027. Nesse novo cenário, o direcionamento obrigatório de 65% dos depósitos da poupança para o crédito imobiliário e os depósitos compulsórios associados a essa aplicação serão extintos.

Com a implementação completa do novo modelo, instituições financeiras que captarem R$ 1 milhão no mercado e o destinarem integralmente ao financiamento imobiliário poderão utilizar um montante equivalente captado na poupança – que possui custo mais baixo – para aplicações livres por um período determinado. Contudo, para usufruir dessa condição, 80% dos financiamentos habitacionais deverão seguir as regras do SFH, que estabelecem juros limitados a 12% ao ano.

Impacto Esperado e Benefícios para a Classe Média

Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, elogiou o novo modelo de financiamento, antecipando benefícios significativos para a classe média brasileira. Ele ressaltou que a iniciativa visa alavancar a oferta de crédito, permitindo que centenas de milhares de famílias realizem o sonho da casa própria. França também destacou o potencial de crescimento do mercado de crédito imobiliário no país e a consolidação do programa Minha Casa, Minha Vida.

O PIB da construção civil, segundo França, é um motor importante para o PIB nacional, gerando cerca de 2,8 milhões de empregos anualmente. A expectativa é que o novo modelo de crédito imobiliário impulsione ainda mais este setor vital para a economia.

Fonte: Valor Econômico

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