Seis décadas após o mandato de Juscelino Kubitschek, o Brasil anseia por um novo ciclo de desenvolvimento socioeconômico robusto e planejado. JK assumiu a presidência em 1956 com o ambicioso lema “50 anos em 5”, prometendo modernização e industrialização acelerada.
O Plano Nacional de Desenvolvimento de JK, com 30 metas prioritárias, impulsionou setores chave como a indústria automobilística, siderurgia, construção naval, energia e transportes. A produção industrial cresceu 80%, o PIB anual saltou para 8,06%, e a infraestrutura de transportes e energia foi significativamente expandida.
Das 30 metas originais, 80% foram cumpridas integralmente, com atenção também às metas fiscais e de inflação. A construção de Brasília, um objetivo constitucional antigo, marcou a interiorização do desenvolvimento e a consolidação das bases para avanços futuros.
Apesar de ter superado períodos políticos turbulentos, alcançado a redemocratização e estabilizado a moeda com o Plano Real, o Brasil ainda enfrenta desafios persistentes. Avanços recentes foram insuficientes para reduzir desigualdades sociais e regionais ou garantir condições de vida dignas para a maioria da população.
A Ausência de um Plano de Longo Prazo
Governos têm apresentado soluções pontuais para problemas crônicos, com resultados paliativos. Essa Falta de um plano vintenário, com foco socioeconômico e ambiental, impede o desenvolvimento sustentável e planejado, a segurança jurídica e a exploração responsável dos recursos naturais.
O paradoxo brasileiro é evidente: apesar de ser uma das maiores economias do mundo, o país figura na 84ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, tendo caído 11 posições nos últimos três anos. O Brasil também registrou o maior nível de desigualdade entre 56 nações analisadas em 2024, segundo o coeficiente Gini.
Enquanto isso, mais de um terço da população brasileira (35,6%) sobrevive com renda inferior a um salário mínimo. O salário mínimo nacional é o segundo menor entre os países da América do Sul, superando apenas o da Venezuela.
Visão de Futuro e Liderança
Para se tornar uma nação justa e solidária, o Brasil precisa de um repensar profundo, com governantes que demonstrem vontade de ouvir, sensibilidade, humildade para corrigir erros, capacidade de gerenciar e firmeza para tomar decisões. É fundamental definir e executar um plano de ações de médio e longo prazo, com coragem.
A história oferece um guia: o país aguarda um novo Estadista que pense além de seu mandato, inspirando-se em legados como o de Juscelino Kubitschek. A sabedoria de Ariano Suassuna nos lembra: “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
Fonte: Estadão