Careca do INSS: R$ 4 milhões à vista em imóvel após financiamento de lote

Careca do INSS: Empresário comprou prédio de R$ 4 milhões à vista em 2024, após financiar lote de R$ 109 mil em 2020. Investigação apura lavagem de dinheiro.
Careca do INSS — foto ilustrativa Careca do INSS — foto ilustrativa

Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, figura central em um esquema de descontos irregulares em aposentadorias, adquiriu em 2024 um prédio comercial por R$ 4 milhões, pago à vista. Essa aquisição ocorreu apenas quatro anos após ter financiado um lote de R$ 109 mil em 2020, o qual foi quitado integralmente em 2023.

Investigações da Polícia Federal e da CPI do INSS revelaram que, a partir de 2023, pelo menos uma das empresas ligadas a Antunes recebeu Transferências milionárias da Ambec (Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos), uma das entidades sob escrutínio por descontos indevidos. Outras movimentações financeiras também conectam Antunes a acusados de participação no esquema.

As informações sobre os bens imobiliários de Antunes foram obtidas através de escrituras e certidões. As datas das compras à vista coincidem com o período de intensificação das investigações, levantando suspeitas sobre a origem dos fundos.

Aquisição de Lote e Financiamento Inicial

O imóvel adquirido em 2020 era um lote em Vicente Pires, uma área menos valorizada do Distrito Federal, onde Antunes e sua esposa já residiam. A compra foi realizada junto à Terracap, empresa estatal responsável pela administração de terrenos em Brasília, como parte de um programa de regularização fundiária.

Após descontos de infraestrutura e uma redução adicional de 25% sobre o valor avaliado, o lote foi precificado em R$ 81,6 mil. O financiamento, aprovado pelo BRB (Banco de Brasília), totalizou R$ 86,7 mil, com um contrato de 120 meses e juros anuais de 9,92%. A primeira parcela foi de R$ 1.454,60.

Contudo, a dívida foi quitada antecipadamente em 2023, antes mesmo do vencimento do prazo de parcelamento. A propriedade foi transferida integralmente para o nome do casal, mas posteriormente foi declarada indisponível em processos judiciais após o escândalo do INSS vir à tona em 2025.

Antonio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, em audiência na CPI.
Antonio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS.

Expansão Patrimonial e Pagamentos à Vista

Nos anos subsequentes à compra do lote, Antunes começou a adquirir propriedades de maior valor, efetuando pagamentos à vista, muitas vezes através de Transferências via Pix, conforme reportado anteriormente.

Em 2023 e 2024, foram identificados seis imóveis adquiridos por Antunes ou suas empresas no Distrito Federal. Entre eles, destaca-se um prédio comercial de R$ 4 milhões, pago integralmente via TED em junho de 2024. Outra aquisição notável foi uma casa no Lago Sul, uma das áreas mais nobres de Brasília, pelo valor de R$ 3,3 milhões, com a transação oficializada em abril de 2024.

Adicionalmente, a Polícia Federal descobriu outros três negócios imobiliários em São Paulo (SP) envolvendo Antunes no ano de 2024, somando R$ 7 milhões. Os investigadores apontam que essas transações apresentam “fortes indícios de lavagem de dinheiro”, conforme relatado pelo órgão.

Prédio comercial de R$ 4 milhões comprado à vista pelo Careca do INSS.
Prédio comercial adquirido pelo empresário.

Defesa e Situação Legal

Em seu depoimento à CPI do INSS, Antunes negou veementemente qualquer irregularidade, afirmando que sempre prestou serviços às associações e que a responsabilidade por descontos indevidos recai sobre as entidades. Ele se descreveu como um “empreendedor nato”, com uma “trajetória marcada pela garra, pela resiliência, pela determinação de vencer na vida” e garantiu que sua prosperidade é fruto de “trabalho honesto e dedicado”.

Antunes está preso desde 12 de setembro, após uma operação da Polícia Federal. A Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) validou sua Prisão, baseada na alegação de que ele tentava obstruir as investigações sobre os descontos fraudulentos em benefícios previdenciários. O investigado declarou à CPI que “jamais tentei obstruir qualquer investigação”.

O caso levanta sérias questões sobre a gestão de recursos no INSS e as conexões entre operadores financeiros e associações de aposentados, além de reforçar a necessidade de fiscalização rigorosa contra fraudes e lavagem de dinheiro no sistema previdenciário brasileiro. A investigação continua a apurar o alcance do esquema e o envolvimento de outras partes.

Fonte: Folha de S.Paulo

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