O poder do crime organizado se estende por todo o Brasil, afetando desde o fornecimento de serviços básicos em comunidades até operações financeiras na Faria Lima. A violência armada, imposta por facções, tem consequências devastadoras, como o fechamento de escolas e postos de saúde, impactando o desenvolvimento e o bem-estar da população.
Nas comunidades, a apropriação de serviços essenciais como energia, transporte e telefonia pelos criminosos é uma realidade. O aumento de dias sem aulas, como observado no conjunto da Maré (Rio de Janeiro), com 48% de elevação este ano, compromete a educação básica. Alunos podem perder o equivalente a um ano letivo, sofrendo com traumas e afetando sua saúde mental.
A insegurança pública afeta também o funcionamento de unidades de saúde, com 516 fechamentos registrados este ano em um município. O direito básico de ir e vir é cerceado, com 40% da população vivendo sob o controle de facções. Queimadas de ônibus e tiroteios em vias públicas tornam-se rotina, demonstrando a falha do Estado em garantir a segurança.
A Expansão do Crime para Além das Comunidades
A percepção de insegurança não se limita às periferias. Em bairros nobres, a população busca refúgio atrás de grades e vidros blindados, enquanto a vigilância por câmeras substitui a interação social, gerando uma falsa sensação de segurança. O medo se manifesta em alertas constantes sobre assaltos em áreas públicas, evidenciando a penetração do crime em todos os níveis sociais.
Casos como o de Uiraponga (Ceará), onde moradores foram expulsos de suas casas, transformando a cidade em um fantasma, e empresários que correm risco de prisão por envolvimento involuntário em cadeias de fornecedores criminosas, demonstram a amplitude do problema. A contaminação da economia, com a presença de substâncias perigosas como o metanol na gasolina, afeta também setores como o de bares e o de combustíveis, impactando diretamente o cotidiano e a economia formal.
A Falha Estatal e a Busca por Segurança
A impunidade é um fator alarmante, com criminosos reincidentes sendo liberados e apenas um terço dos homicídios sendo esclarecidos. A normalização dessa situação gera choque e descrença na população, que clama por segurança. A violência é, há anos, a principal preocupação dos brasileiros.
O Ceticismo Frente a Novas Medidas de Segurança
Apesar de iniciativas como a PEC da Segurança Pública e o combate à lavagem de dinheiro, a reação dos governantes é recebida com justificado ceticismo. O sentimento predominante é de que o Estado falhou em sua obrigação fundamental de garantir a soberania e a segurança de seus cidadãos. A exigência é clara: traficantes, facções ou milícias, não importa o nome, o brasileiro deseja apenas andar tranquilamente pelo país onde nasceu.
Fonte: Estadão