O Ministério Público de Goiás ajuizou uma ação civil pública contra a WePink, empresa de cosméticos da Influenciadora Virginia Fonseca, por práticas abusivas contra os consumidores. A ação se baseia em mais de 90 mil reclamações registradas no Reclame Aqui em 2024 e 340 denúncias ao Procon Goiás.




Práticas Abusivas e Reclamações de Consumidores
As queixas incluem, predominantemente, a falta de entrega de produtos, descumprimento de prazos, dificuldade em obter reembolso, atendimento ineficaz por robôs, remoção de Críticas negativas nas redes sociais e entrega de itens com defeito ou em desacordo com o anunciado. Um caso específico relatado na ação envolve uma consumidora que aguardou sete meses pela entrega, não recebeu os produtos e teve o reembolso negado.
O promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva destacou que a fala de Thiago Stabile, um dos sócios da companhia, que admitiu em live o dobramento do volume de pedidos e a incapacidade de cumprir prazos por falta de matéria-prima, caracteriza Publicidade enganosa e má-fé contratual.
Posição da WePink e Plano de Melhorias
Em reunião com o Ministério Público em junho, os representantes da WePink informaram que a companhia está em fase de consolidação de processos internos e adotando um plano de melhorias. Este plano inclui o aumento da capacidade operacional, automação, expansão logística e campanhas de orientação às consumidoras sobre os prazos de entrega.
Até maio deste ano, a WePink registrou quase 2 milhões de vendas. A empresa declarou ao MP que 85% das vendas online são entregues dentro do prazo, atribuindo os atrasos a fatores externos como questões logísticas, aumento de demanda e dados cadastrais incompletos.

Exigências do Ministério Público e Danos Morais
O MP solicitou tutela de urgência para suspender novas lives promocionais até a regularização das entregas pendentes. Entre outras exigências estão a criação de um canal de atendimento humano com resposta em até 24 horas, um mecanismo simplificado de cancelamento e reembolso em sete dias, e a entrega imediata de produtos já pagos. Uma multa diária de R$ 1.000 foi pedida por descumprimento.
O órgão pede ainda uma indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 5 milhões, a ser revertida ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor, além de indenização individual para os clientes lesados. Os sócios da companhia, incluindo Virginia Fonseca, deverão responder pelos danos causados, dado o conhecimento das falhas operacionais durante as transmissões promocionais. O uso da imagem da influenciadora, com quase 53 milhões de seguidores no Instagram, é visto pelo MP como um agravante na vulnerabilidade dos consumidores.

Histórico e Faturamento da WePink
Fundada em 2021 por Virginia Fonseca, a WePink teve um crescimento expressivo em vendas. Em 2024, o faturamento estimado foi de R$ 750 milhões, mais que o dobro dos R$ 325 milhões registrados em 2023. A empresa tem como sócios o chinês Chaopeng Tan e Thiago Stabile.
A companhia informou que ainda não foi citada oficialmente na ação e, portanto, não pode comentar o caso.
Fonte: Folha de S.Paulo