Os mercados argentinos experimentam um alívio nesta quinta-feira após o Governo permitir a desvalorização do peso pela primeira vez na semana. A medida visa reduzir as tensões que pressionavam os rendimentos locais, enquanto o governo interveio agressivamente comprando a moeda nos dias anteriores para evitar uma desvalorização mais acentuada.
O peso abriu o dia em queda de 2,7%, cotado a 1.469 por dólar, mas amenizou as perdas ao longo do dia. Essa movimentação sinaliza uma mudança na estratégia de Defesa cambial, que vinha sendo marcada pela venda de dólares pelo governo.
Acordo de Ajuda com os EUA Impulsiona Títulos Soberanos
Paralelamente à dinâmica do peso, os títulos soberanos argentinos denominados em dólar apresentaram alta superior a 2 centavos. Informações da mídia local indicam que o ministro da Economia, Luis Caputo, concluiu os termos de um acordo de ajuda financeira com os Estados Unidos, com o secretário do Tesouro, Scott Bessent. Os títulos com vencimento em 2035, que têm sido voláteis devido a especulações sobre o apoio americano, registraram uma valorização de 2,8 centavos, alcançando 59 centavos por dólar.
Walter Stoeppelwerth, CIO do Grit Capital Group, destacou a natureza volátil do sentimento do Mercado, dividindo os investidores entre o receio pela queda das reservas e um otimismo cauteloso com a possibilidade de apoio externo. “Os investidores estão divididos entre o pânico com a redução das reservas e o otimismo cauteloso de que o apoio externo pode ser iminente”, observou.
Intervenção Cambial e Perspectivas Econômicas
O Tesouro e o Banco Central da Argentina têm implementado uma estratégia de venda de dólares e compra de pesos para estabilizar a moeda. No mês passado, o Banco Central utilizou US$ 1,1 bilhão de suas reservas, enquanto o Tesouro vendeu aproximadamente US$ 1,8 bilhão nas últimas sete sessões. A expectativa é que o Banco Central retorne ao mercado apenas se o peso se mantiver dentro da banda de negociação estabelecida em acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A conjuntura econômica Argentina enfrenta desafios. Um revés significativo na votação local da província de Buenos Aires no início de setembro, somado a dificuldades econômicas e escândalos de corrupção envolvendo aliados do presidente Javier Milei, deteriorou as perspectivas. Embora a promessa de ajuda dos EUA tenha servido para conter a liquidação de ativos, não reverteu completamente a tendência. Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, expressou expectativas de uma decisão iminente sobre nova assistência financeira.
Queda nas Taxas de Juros de Curto Prazo
Nesta quinta-feira, as taxas de juros de curto prazo apresentaram uma tendência de queda. O rendimento das notas Lecap com vencimento em 28 de novembro recuou de 89% para 87%, de acordo com cálculos da Bloomberg. Utilizando a metodologia preferencial do mercado local, o rendimento caiu para 62%.
Fonte: Valor Econômico
