O Mercado financeiro brasileiro reagiu com volatilidade nesta quinta-feira (9) após dois eventos importantes: a queda da Medida Provisória 1.303 no Congresso e a divulgação do IPCA de setembro, que veio abaixo do esperado. Inicialmente, a Bolsa brasileira operou em alta e o dólar em queda, mas o cenário se inverteu no decorrer do dia.
Por volta das 15h, o Ibovespa cedia 0,31%, enquanto o dólar avançava 0,48%, atingindo R$ 5,37. A mudança de rumo reflete a complexidade do ambiente econômico e a cautela dos investidores diante das incertezas.
Derrubada da MP 1.303 e preocupações fiscais
A derrota do Governo no Congresso com a rejeição da MP 1.303, que visava alterar a tributação sobre investimentos, gerou preocupações fiscais. O governo deve apresentar medidas alternativas na próxima semana para compensar as receitas previstas no texto. “Caso o governo não consiga aprovar novas medidas ou encontrar outras fontes de Receita, há risco de revisão da meta fiscal para baixo no próximo ano”, alertou Cláudia Moreno, economista do C6 Bank. Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, complementou que a dificuldade em alcançar o superávit fiscal pode levar à revisão da meta de 2026.
Apesar das apreensões, o Goldman Sachs apontou um alívio nas tensões em Brasília, o que beneficiou ativos de fintechs, bancos e outras empresas. A manutenção da isenção de LCIs e LCAs, por exemplo, foi vista como positiva.
IPCA abaixo do esperado e impacto na política monetária
O IPCA de setembro, principal índice de inflação do Brasil, apresentou um resultado considerado benigno, abaixo das expectativas do mercado. Esse cenário reforça a visão de um esfriamento da economia, o que poderia favorecer o trabalho do Banco Central. A XP revisou sua projeção para o IPCA de 2025, de 4,8% para 4,7%, com base nos dados mais recentes.
No entanto, as boas notícias econômicas foram rapidamente ofuscadas por declarações mais duras do Banco Central. Nilton José David, diretor de Política Monetária, indicou que a Selic pode permanecer em 15% por um período prolongado e que o Copom não hesitaria em elevar a taxa novamente se necessário. “Se houver alguma alteração do curso, não teremos nenhum problema em ou subir, ou ajustar”, afirmou David, revelando que a possibilidade de um novo aperto monetário chegou a ser discutida na última reunião do Copom.
Pressão externa e o avanço do dólar
Fatores externos também influenciaram o mercado brasileiro. No Japão, a expectativa de uma política econômica mais expansionista sob a liderança de Sanae Takaichi pressionou o iene. Na Europa, a instabilidade política na França contribui para a força do euro. Esses eventos impulsionaram o dólar americano no mercado global, que registrou sua melhor sessão desde julho. A Falta de dados oficiais devido ao shutdown nos Estados Unidos também adicionou incerteza.
Em Wall Street, as ações cederam com realizações de lucros após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, não oferecer novas pistas sobre a política de juros. O índice DXY, que mede a força do dólar, operou em alta. Esse movimento global de valorização da moeda americana reduziu o fluxo de capital para mercados emergentes, enfraquecendo o real e impactando negativamente a Bolsa brasileira.
Em contrapartida, os juros do Tesouro Direto mantiveram a tendência de queda observada mais cedo, refletindo o IPCA mais brando.
Fonte: InfoMoney