A montadora chinesa BYD celebra um novo marco com a inauguração de sua fábrica em Camaçari (BA), que culmina com a exibição de carros já montados no local. A produção sob o regime SKD (importação de veículos parcialmente montados) começou no final de julho, logo após a obtenção da licença ambiental.



A distribuição dos modelos nacionalizados para as concessionárias tem início na próxima semana. O pátio da fábrica já exibe uma variedade de modelos elétricos, como o Dolphin Mini, além de SUVs e sedãs híbridos. Em junho, durante a primeira cerimônia na planta, ainda não havia montagem local de veículos.
A montadora planeja a transição para o regime CKD (importação de veículos completamente desmontados) ao longo de 2026. Essa mudança estratégica exigirá mais etapas industriais e permitirá à BYD acessar maiores incentivos tributários e redução no Imposto de Importação.
Plano de Nacionalização e Fornecedores Locais
No final de agosto, a BYD apresentou um ambicioso plano para atingir 50% de componentes produzidos no Brasil até 2027. A seleção de fornecedores será realizada por meio do programa “BYD Quer Conhecer Você”, incentivando a instalação de novas empresas na região da fábrica. Apesar do prazo otimista, o único fornecedor relevante confirmado até o momento é a Continental, responsável pela produção de pneus.
Participação Política e Debate Tributário
O segundo evento de inauguração contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de representantes da indústria, como Igor Calvet, presidente da Anfavea. Este evento representa um ganho político para a montadora chinesa, que enfrentou desafios institucionais ao longo do ano.
Entre junho e julho, as associações de montadoras e fabricantes de autopeças buscaram influenciar o Governo federal contra o pedido da BYD de redução do Imposto de Importação sobre kits de carros desmontados (SKD e CKD). A proposta visava reduzir a taxa de 18% ou 20% para 5%, mantendo-a por 36 meses e interrompendo o ciclo de recomposição tarifária previsto para julho de 2028.

Embora as regras tenham sofrido alterações, não foram exatamente como a empresa chinesa desejava. O governo decidiu antecipar o retorno da alíquota plena de 35% para janeiro de 2027. No entanto, foram concedidas quotas adicionais de importação com alíquota zero para kits CKD e SKD de veículos eletrificados, totalizando US$ 463 milhões durante seis meses.
A decisão de antecipar o retorno do imposto e as quotas adicionais demonstram um equilíbrio nas negociações entre o governo, a BYD e a indústria automotiva nacional, buscando fomentar a produção local ao mesmo tempo em que se avalia o impacto das importações.
Fonte: Folha de S.Paulo