O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, está avaliando os candidatos à presidência do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, com foco em suas posições sobre as taxas de juros e a redução dos estímulos econômicos promovidos durante a era de crise. A movimentação ocorre em um momento em que o Governo de Donald Trump busca substituir o atual presidente, Jerome Powell.


Entrevistas e Critérios de Avaliação
Uma série de reuniões com 11 candidatos foi concluída nesta terça-feira (7). Os entrevistados relataram ter sido sabatinados por até duas horas por Bessent, juntamente com Hunter McMaster e Francis Browne, ambos do Tesouro. Scott Bessent utilizou as entrevistas para aprofundar questões levantadas em um artigo recente, onde ele defendia reformas abrangentes no banco central e criticava os programas de flexibilização quantitativa (QE) como um “experimento de política monetária de ganho de função”. Os candidatos também foram indagados sobre como lidariam com a governança de uma instituição que Bessent acusou de “desvio de missão”.

Contexto Político e a Independência do Fed
A seleção do sucessor de Powell ocorre em um período de turbulência para o Fed. A nomeação de aliados por Trump para o conselho e tentativas de demitir outros diretores geraram preocupações sobre a possível independência do banco central. Trump, que terá a decisão final, tem defendido cortes agressivos nas taxas de juros, sugerindo um intervalo de até 1% em relação ao patamar atual de 4% a 4,25%. Seus favoritos para o cargo incluem Kevin Warsh, Christopher Waller e Kevin Hassett.

Críticas ao Balanço do Fed e Flexibilização Quantitativa
Scott Bessent tem expressado publicamente suas Críticas ao desempenho do banco central. Em um ensaio recente, ele apontou o balanço inflado do Fed como um reflexo de excesso de alcance e argumentou que a influência dos tecnocratas deveria ser menor nos mercados de títulos do governo, com mais controle nas mãos do Tesouro. Candidatos como Kevin Warsh e Christopher Waller apresentaram propostas para reduzir o tamanho das participações de ativos do Fed, cujas aquisições aumentaram durante a crise financeira e a pandemia de Covid-19.
Altos funcionários do Fed, no entanto, defendem que os programas de QE, apesar de terem elevado o preço de ativos, foram cruciais para evitar um aumento do desemprego, especialmente entre os mais pobres. As Críticas do governo Trump à independência do Fed e as apostas em cortes de juros mais agressivos têm gerado nervosismo nos mercados.
Impacto da Escolha do Presidente do Fed
Jerome Powell tem sido alvo de críticas de Trump, que o chamou de “idiota” e “lento” na condução da política monetária. Powell deixará a presidência em maio de 2026, mas pode permanecer como diretor do Fed até janeiro de 2028. A tensão política em torno da nomeação do novo presidente pode afetar a estabilidade econômica e a percepção de independência da instituição, com reflexos diretos nas taxas de juros globais.
O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, busca um nome com “mente aberta” e “olhar para o futuro”, segundo suas declarações. A escolha final recairá sobre Trump, que, juntamente com seus aliados, tem pressionado por uma política monetária mais expansionista. Questões como a reforma da sede do Fed e acusações de fraude hipotecária contra diretores também têm sido levantadas por figuras próximas ao presidente, adicionando complexidade ao processo de sucessão.
Fonte: Folha de S.Paulo