O número de pessoas que exercem suas atividades profissionais em casa no Brasil registrou uma queda significativa, passando de 18 milhões em 2010 para 14 milhões em 2022, conforme dados preliminares do Censo divulgado pelo IBGE. Essa redução representa uma diminuição de 4 milhões de trabalhadores que atuam em seus próprios domicílios.




A pesquisa define como trabalhadores domiciliares aqueles que desempenham suas funções no próprio imóvel ou na propriedade onde residem, sem a necessidade de se deslocar para outro local de trabalho. Modalidades como o trabalho híbrido não foram incluídas neste cálculo específico.
Redução no Percentual de Trabalhadores Domiciliares
A proporção de brasileiros que trabalhavam em casa também diminuiu consideravelmente. Em 2010, o percentual era de 22% da população ocupada. No Censo de 2022, essa taxa caiu para 16%, indicando uma mudança no perfil do Mercado de trabalho nacional.
Quanto à distribuição de gênero, em 2022, 50% dos trabalhadores domiciliares eram homens e 49% eram mulheres. Essa proporção se manteve relativamente equilibrada.
Metodologia e Transformações do Mercado
O IBGE aponta que parte dessa variação pode ser atribuída a mudanças metodológicas na coleta de dados entre os censos. Em 2010, o conceito de ‘ocupado’ abrangia trabalhadores na produção para autoconsumo, que em 2022 deixaram de ser categorizados como ocupados. Essa alteração metodológica impactou a forma como as informações sobre deslocamento para o trabalho foram coletadas.
Mauro Sérgio Pinheiro dos santos de Souza, analista do Censo 2022, comentou sobre as dinâmicas do mercado de trabalho: “É importante olhar com cautela esses dados, porque a mudança no número de pessoas que trabalham em casa ou na propriedade pode estar muito vinculada às próprias transformações no mercado de trabalho.” Ele ressaltou que a migração de trabalhadores para outras atividades e o retorno ao trabalho presencial pós-pandemia podem ter influenciado os resultados.

Variações Regionais e Setoriais
A análise por região revela que todas apresentaram queda na proporção de trabalhadores domiciliares. A Região Norte lidera com 19% em 2022 (ante 26% em 2010), seguida pelo Nordeste com 17% (eram 22%). O Sul registrou 16% (eram 24%), o Centro-Oeste 16% (eram 23%) e o Sudeste 15% (eram 22%).

Impacto na Faixa de Rendimento
Em números absolutos, a maior concentração de trabalhadores em casa em 2022 (4,1 milhões) estava na faixa de um a dois salários mínimos. Essa faixa, assim como outras, também apresentou redução em comparação a 2010. Trabalhadores com rendimentos mais baixos, como até ¼ de salário mínimo, viram o número cair de 1,7 milhão para 800 mil.
A faixa de 3 a 5 salários mínimos manteve-se estável em 1,2 milhão, e a de mais de 5 salários mínimos teve uma leve queda de 1,2 milhão para 1 milhão. A categoria ‘sem rendimento’ também apresentou uma redução drástica, de 240 mil para 18 mil pessoas.

Ranking Estadual e o Futuro do Trabalho Domiciliar
Apesar da queda geral, alguns estados ainda mantêm percentuais relevantes. Rondônia, por exemplo, registrou 22% de trabalhadores em casa em 2022, uma queda em relação aos 30% de 2010. O Espírito Santo apresentou um aumento pontual para 20% em 2022, contrariando a tendência geral, embora em 2010 fosse 19%.
A análise detalhada dos dados do IBGE sugere que a dinâmica do trabalho em casa está em constante evolução, influenciada por fatores econômicos, metodológicos e sociais. A tendência pós-pandemia de retorno ao presencial parece ser um dos principais motores dessa redução.

Fonte: G1