O aumento das importações de aço no Brasil, impulsionado pela guerra comercial global, acendeu um alerta na indústria siderúrgica nacional. Segundo o Instituto Aço Brasil, as importações de aço laminado registraram um salto de 30% entre janeiro e agosto deste ano, comparado ao mesmo período do ano anterior. A projeção é que o ano termine com uma alta de 32,2%.



Europa Amplia Protecionismo Contra Aço Importado
A principal preocupação do setor reside na proposta da Comissão Europeia de dobrar a tarifa sobre importações de aço para a União Europeia (UE), elevando-a para 50%. Essa medida, que se alinha à taxação americana, visa limitar as importações que excederem uma cota 45% menor que a atual. A medida europeia é vista como uma reação drástica à escalada de tarifas e à venda de produtos estrangeiros em condições desleais, o que tende a aumentar o desvio de comércio e o desequilíbrio do mercado Internacional, já saturado.
O Instituto Aço Brasil aponta que essa escalada global de protecionismo, com EUA e Europa elevando tarifas, pode redirecionar um volume ainda maior de aço para o Brasil. O país se consolida, segundo a entidade, como destino preferencial do aço vendido abaixo do preço de custo, especialmente o de origem chinesa, que encontra menos espaço em mercados com defesas comerciais mais efetivas.

Siderúrgicas Pedem Reação Rápida do Governo Brasileiro
Diante deste cenário, o Aço Brasil exige uma reação imediata do governo brasileiro. A entidade solicita maior proteção para o produto nacional e a aplicação mais efetiva de mecanismos de Defesa comercial. Embora reconheçam os esforços do governo para conter importações predatórias, a urgência da situação demanda medidas mais robustas. A nota ressalta a falta de uma defesa comercial condizente com a gravidade da guerra comercial global no setor siderúrgico.
Analistas veem a elevação da taxa europeia como uma medida restritiva, sem precedentes na UE. A iniciativa reflete o temor de declínio das indústrias tradicionais europeias, pressionadas pelo excesso de produtos chineses subsidiados, altos Custos de energia e queda na demanda interna. As tarifas europeias buscam equiparar as alíquotas às impostas pelos Estados Unidos, enquanto a UE tenta negociar com Washington a redução das tarifas sobre seu aço.
As negociações entre UE e EUA ainda não avançaram significativamente desde o acordo comercial de julho, que limitou as tarifas americanas a 15% sobre a maioria das exportações europeias, incluindo automóveis. A indústria siderúrgica brasileira monitora de perto os desdobramentos, temendo um impacto ainda maior sobre suas operações caso o governo não adote medidas eficazes de proteção.
Fonte: InfoMoney