Lula em 2026: Especialista questiona favoritismo e aponta riscos à reeleição

Especialista Andrei Spacov questiona o favoritismo de Lula para 2026, apontando alta rejeição e força da oposição com baixa rejeição.
favoritismo de Lula em 2026 — foto ilustrativa favoritismo de Lula em 2026 — foto ilustrativa

A visão de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desponta como favorito para as eleições presidenciais de 2026 tem ganhado força no Mercado financeiro nas últimas semanas. Essa percepção, impulsionada pelo recente aumento da popularidade do presidente e pela aprovação unânime na Câmara da isenção de Imposto de Renda até R$ 5 mil, eleva a expectativa sobre uma possível reeleição.

Contudo, Andrei Spacov, sócio e economista-chefe da gestora Exploritas, diverge dessa perspectiva. Em relatório recente (Carta do time de gestão – setembro de 2025), ele argumenta que um candidato de oposição com baixa rejeição possui uma chance robusta de derrotar Lula em um segundo turno em 2026.

Argumentos Contra o Favoritismo de Lula

Spacov baseia sua análise em diversos fatores. Primeiramente, ele observa que os ativos brasileiros estão significativamente subvalorizados e podem sofrer uma grande reprecificação caso haja uma mudança política em 2026. Ele também destaca que, nos últimos 10 a 15 anos, os partidos de centro-direita se fortaleceram em detrimento dos de esquerda em eleições em todos os níveis de governo no Brasil.

Além disso, o economista aponta para a alta taxa de rejeição de Lula, que foi eleito em 2024 por uma margem muito estreita. Embora sua popularidade tenha se recuperado recentemente, ela ainda se encontra cerca de 10 pontos percentuais abaixo do patamar inicial de seu Governo, segundo a média das pesquisas. “Ele ganhou apertado e perdeu 10 pontos de popularidade”, afirmou Spacov em conversa com a coluna.

O especialista explica que o histórico eleitoral brasileiro indica uma “zona cinzenta” para candidatos incumbentes com ótimo/bom em pesquisas variando entre 35% e 40%. Acima de 40%, a tendência é de Vitória; abaixo de 35%, de derrota. Lula estaria neste último grupo. Spacov ressalva que a popularidade do presidente pode continuar a subir, mas, dada a alta rejeição, não parece ter fôlego suficiente para garantir uma vitória.

O Cenário de Oposição e o Potencial de Derrota de Lula

Diante desses pontos, Spacov considera que Lula enfrentaria “muita dificuldade” contra um candidato de oposição com baixa rejeição no segundo turno de 2026. Dada a polarização do eleitorado, ele vê o candidato eventualmente apoiado por Jair Bolsonaro como o franco favorito para chegar à disputa final no próximo ano.

Um desdobramento crucial a ser acompanhado, segundo Spacov, é se a oposição optará por apoiar um candidato de baixa rejeição com forte potencial de chegar ao segundo turno. Ele acredita que essa possibilidade é real. O economista compara o cenário à disputa pela prefeitura de São Paulo, onde a trajetória de um candidato de oposição em 2026 pode ser turbulenta, mas, com união no segundo turno, teria boas chances de vitória contra um candidato de esquerda, como Lula.

Spacov sugere que um nome como Tarcísio de Freitas poderia unir mais a direita e, dependendo da coligação, até desencorajar Lula a disputar mais um mandato. Mesmo um primeiro turno com múltiplos candidatos de direita, com união posterior, seria “muito complicado para Lula”.

Riscos e Movimentações Políticas

Um dos riscos para a direita, na visão do analista, é que um candidato com baixa rejeição e potencial de chegar ao segundo turno acabe desenvolvendo alta rejeição devido às concessões necessárias para agradar à família Bolsonaro. As ações recentes de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, articulando para gerar atrito entre os países, podem, paradoxalmente, reforçar a chance de um cenário de candidato de direita com baixa rejeição no segundo turno.

Isso ocorre porque Eduardo Bolsonaro se desmoralizou como potencial candidato, com possíveis repercussões para outros membros da família. O Centrão, embora ainda busque o espólio eleitoral bolsonarista, estaria discretamente se afastando de um apoio incondicional aos desejos da família Bolsonaro.

Fonte: Estadão

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade