Após uma sequência de duas sessões de correção, o Ibovespa registrou uma variação modesta nesta quarta-feira, 8 de novembro, oscilando entre 141.356,43 e 142.385,02 pontos. O índice de referência do Mercado acionário brasileiro encerrou o dia com alta de 0,56%, atingindo 142.145,38 pontos. O volume financeiro negociado somou R$ 19,87 bilhões.

Na semana, o Ibovespa ainda acumula perdas de 1,43%, e no mês, o recuo é de 2,80%. Desde o início de outubro, o índice apresentou apenas dois dias de alta, sendo o avanço desta quarta-feira o segundo. No acumulado do ano, o Ibovespa registra uma valorização de 18,18%.
Impacto de Petrobras e Setor Financeiro
A recuperação mais expressiva do Ibovespa foi limitada pela baixa nas ações da Petrobras, tanto ON (-1,00%) quanto PN (-0,58%), mesmo com a alta do petróleo Brent e WTI no dia. O setor financeiro também apresentou desempenho misto: Banco do Brasil (ON) recuou 0,42% e Santander (Unit) caiu 0,21%. Por outro lado, Bradesco (ON e PN) fechou em alta de 1,47% e 1,61%, respectivamente, e Itaú PN, principal papel do setor, avançou 0,19%. A Vale ON, por sua vez, subiu 0,77%.
Na ponta positiva do índice, destacaram-se Ultrapar (+5,54%), B3 (+3,43%) e BTG Pactual (+3,04%). Em contrapartida, Hypera (-5,02%), Brava (-3,10%) e Suzano (-2,17%) registraram as maiores quedas.
Cenário Macroeconômico e Cautela do Mercado
Felipe Moura, gestor de portfólio e sócio da Finacap Investimentos, avalia que o atual movimento de repique é saudável, mas a ausência de gatilhos macroeconômicos relevantes, como novidades sobre a taxa Selic, mantém a cautela no mercado. “Até a temporada de resultados começar, a tendência é de que prevaleça certa cautela, posições mais defensivas, na ausência de novidades também sobre os juros. É uma correção saudável que se tem no momento”, afirma Moura.
Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, acrescenta a apreensão em relação à votação da Medida Provisória (MP) do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no Congresso. “Há uma certa cautela com relação, também, à votação hoje da MP do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em que o Governo pode colher uma derrota”, observa Lopes.

Mercados Internacionais e Fed
No cenário Internacional, os mercados americanos continuaram a negociar com múltiplos elevados, atraindo capital de risco. O S&P 500 (+0,58%) e o Nasdaq (+1,12%) renovaram máximas históricas nesta quarta-feira. Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, destaca que, apesar da força das bolsas americanas, as praças emergentes também apresentam altas significativas no ano, impulsionadas em parte pela depreciação do dólar frente a diversas moedas.
A ata da reunião de setembro do Federal Reserve (Fed) reforçou o apoio à flexibilização da política monetária nos EUA, mas manteve preocupações com a inflação. A consultoria Capital Economics sugere que o ritmo de cortes de juros pode desacelerar. Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, comentou que a ata não trouxe surpresas e reiterou o tom cauteloso quanto aos riscos inflacionários. O mercado aguarda novas falas de dirigentes do Fed e dados de Confiança do consumidor.
Tensão Política Doméstica e MP do IOF
Na agenda política brasileira, a votação da MP 1.303/2025, que trata do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), gerou tensão. O presidente Lula reuniu-se com ministros e líderes governistas para definir estratégias. Rogério Marinho, líder da oposição no Senado, anunciou voto contrário à MP: “Vamos votar contra. Chega de impostos”. A MP perde validade nesta quarta e necessita da aprovação da Câmara e do Senado.
Reportagens indicam articulações intensas nos bastidores, com telefonemas do presidente Lula e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para influenciar parlamentares. A MP, se aprovada, poderia aumentar a arrecadação governamental em cerca de R$ 17 bilhões em 2026, ano eleitoral. O governo defende a medida como necessária para o fechamento das contas públicas e o cumprimento da meta de superávit fiscal, enquanto a oposição alega que o objetivo é arrecadar mais para financiar programas sociais e impulsionar a imagem de Lula.
O governo tem tentado reverter votos e aposta em maioria simples para aprovação. O Ministério da Fazenda solicitou às bancadas parlamentares temáticas que “tirem o pé” da votação, mesmo para aqueles contrários à medida, a fim de evitar mobilização da base opositora. No entanto, alguns grupos sinalizaram que não participarão dessas articulações, dada a natureza política da disputa.
“O fiscal no Brasil vai e volta como assunto central do mercado, dependendo de quanto outros temas possam servir como ‘cortina de fumaça’ ao principal problema que temos a resolver, internamente”, conclui Anderson Silva, da GT Capital.
Fonte: InfoMoney