As punições impostas pelo União Brasil e pelo PP aos seus ministros que permaneceram no Governo Lula, Celso Sabino e André Fufuca, respectivamente, não sinalizam um rompimento definitivo com o Palácio do Planalto. O grupo político busca impor Derrotas ao governo e construir uma candidatura própria para 2026, mas a trajetória dependerá da popularidade do presidente.
Cenário Político e Popularidade de Lula
Se a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continuar em ascensão, ele poderá atrair mais membros do Centrão, expandindo sua base eleitoral para além do Norte e Nordeste. Em contrapartida, se a aprovação de Lula cair, o discurso de oposição dentro do Congresso, liderado por figuras como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ganha força.
Na prática, as cúpulas do União Brasil e do PP tentam demonstrar poder após a desobediência de Sabino e Fufuca, que se recusaram a entregar seus cargos em setembro, contrariando o ultimato partidário. Ambos os ministros são pré-candidatos ao Senado em 2026 e buscam o apoio de Lula, cuja aprovação em pesquisas tem melhorado.
Disputas Regionais e a COP-30
Celso Sabino, ministro do Turismo, enfrenta desafios regionais. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também planeja concorrer ao Senado, com apoio para que a outra vaga fique com o deputado Chicão (MDB). Sabino necessita da vitrine do ministério e da realização da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-30) em Belém para sua campanha. Ele argumentou que, a 30 dias da COP-30, substituir o ministro seria politicamente inadequado, defendendo que questões eleitorais fossem deixadas de lado.
A cúpula do União Brasil aplicou um processo disciplinar a Sabino, destituindo-o da presidência do partido no Pará, mas concedeu um prazo de 60 dias para a decisão final, postergando o desfecho para dezembro. Essa medida foi favorável ao Planalto.
Estratégia do PP e Ações de Lula
No Maranhão, André Fufuca também deseja o apoio de Lula em sua campanha. Ciro Nogueira, presidente do PP, implementou uma solução intermediária: Fufuca foi afastado da liderança do partido no Maranhão e da vice-presidência nacional. Enquanto isso, Lula capitaliza as divisões no Centrão para fortalecer sua base e enfraquecer a oposição. A fragmentação do grupo dificulta a formação de uma candidatura única de direita à Presidência em 2026, mesmo considerando nomes como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Apesar do risco de enfrentamentos com o Centrão no Congresso, o governo considera que o racha não é definitivo enquanto cargos em estatais, como a Caixa, não forem desocupados pelos indicados de partidos como União Brasil e PP, sugerindo que as decisões das cúpulas podem ser, em parte, apenas uma demonstração de força.
Fonte: Estadão