A votação da Medida Provisória (MP) 1303, que propõe novas regras para a tributação de investimentos como alternativa a uma elevação mais expressiva do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), segue em suspense. O Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aposta em articulações voto a voto, enquanto as bancadas temáticas e a oposição buscam consolidar votos contrários à medida em blocos.
A disputa pela MP 1303 ganhou contornos de um marco político. A avaliação é que o tema transcende a tributação em si, configurando-se como uma disputa de força entre diferentes grupos políticos. Uma senadora da oposição ressaltou que esta é uma oportunidade para o Centrão se posicionar como um campo político influente e impor uma derrota significativa ao governo.
O governo, em articulação liderada pelo Ministério da Fazenda, tem feito um apelo às bancadas parlamentares temáticas para que, mesmo que não apoiem a MP, não mobilizem a oposição. No entanto, o caráter político da disputa tem levado alguns grupos a sinalizar que não participarão dessas articulações.
Nos bastidores, o governo já admite a dificuldade em obter apoio de frentes parlamentares importantes, como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O esforço concentrado agora é para evitar que as bancadas contrárias à MP se movimentem ativamente pela sua derrubada. A oposição, por sua vez, busca desidratar a proposta, com partidos como PP e União pedindo votos contrários.
A estratégia do governo inclui articulação com os partidos da base aliada e conversas individuais com parlamentares indecisos. Ministros, líderes partidários e presidentes das Casas legislativas estão envolvidos na busca por votos favoráveis.
A oposição argumenta que a MP possui um viés arrecadatório e eleitoreiro, que poderia permitir ao governo Lula aumentar os gastos com investimentos em ano eleitoral. A aprovação da medida, após o aumento da isenção do Imposto de Renda, é vista como um trunfo político para 2026.
A tensão em torno da MP 1303 reflete um impasse político complexo, influenciado pelas eleições de 2026, pela relação desgastada entre o Congresso e o Executivo, e pela correlação de forças entre a Câmara e o Senado.
A Medida Provisória 1303 foi apresentada como uma alternativa à elevação do IOF, após o Supremo Tribunal Federal restabelecer parte de um decreto derrubado pelo Legislativo. O parecer final do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) foi aprovado em votação apertada na Comissão Mista do Senado. A MP prevê a tributação de aplicações financeiras para compensar a arrecadação. A previsão de arrecadação para 2026 é de R$ 17 bilhões, uma redução de R$ 3 bilhões em relação à estimativa inicial.
Apostas do Governo e Estratégias da Oposição
O governo Lula intensificou as articulações nas horas finais para reverter votos e aposta na maioria simples para aprovar a MP. A estratégia envolve apelos diretos a líderes e parlamentares indecisos, buscando garantir a aprovação até o prazo final. A oposição, por sua vez, alinha votos em blocos e busca expor o caráter arrecadatório e eleitoreiro da medida.
Impacto Político e Eleitoral da MP do IOF
A MP 1303 transformou-se em um palco de disputa política, com implicações para as eleições de 2026. A oposição vê na medida um potencial trunfo para o governo, enquanto o governo busca consolidar sua base de apoio e evitar Derrotas significativas no Congresso. A relação entre Executivo e Legislativo se mostra tensa, com o impasse do IOF evidenciando o rancor e a correlação de forças.
Detalhes e Previsões da Arrecadação
A medida, que precisa ser votada pelos plenários da Câmara e do Senado, prevê a tributação de aplicações financeiras para compensar perdas de arrecadação. A expectativa de arrecadação com a MP para 2026 é de R$ 17 bilhões, representando uma redução de R$ 3 bilhões em relação à previsão original do Executivo. A votação apertada na Comissão Mista do Senado reflete a polarização em torno da proposta.
Fonte: Estadão