ETF do Brasil: Maior entrada de capital em 5 anos após diálogo Trump-Lula

ETF do Brasil atrai mais de US$ 285 milhões em uma semana, o maior volume em 5 anos, após aproximação entre Lula e Trump. Analistas veem cenário positivo.
ETF do Brasil — foto ilustrativa ETF do Brasil — foto ilustrativa

Um fundo negociado em bolsa (ETF) focado em ações brasileiras registrou suas primeiras entradas desde julho, atingindo um ritmo de investimento não visto em mais de cinco anos. Esse movimento ocorre em meio a sinais de alívio nas tensões comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil.

Investidores injetaram mais de US$ 285 milhões (R$ 1,5 bilhão) no iShares MSCI Brazil ETF (EWZ), que gerencia US$ 5,85 bilhões (R$ 31,3 bilhões) em ativos. Essa marca a primeira entrada semanal desde que o ex-presidente Donald Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros em 10 de julho, e representa a maior entrada semanal no ETF desde dezembro de 2019.

ETF do Brasil: Fluxo positivo inédito em três meses impulsiona mercado

O encontro entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos bastidores da Assembleia Geral das Nações Unidas em 23 de setembro, seguido por uma conversa telefônica na manhã de segunda-feira, marcou as primeiras interações significativas entre os líderes em meses e sinalizou um possível reequilíbrio nas relações diplomáticas e comerciais.

Brendan McKenna, economista de mercados emergentes e estrategista de câmbio do Wells Fargo, comentou que o encontro Trump-Lula na ONU foi o principal impulsionador dos fluxos, mas ressaltou que o capital demonstra cautela. “A direção é positiva, mas até termos um avanço, os fluxos podem continuar limitados”, avaliou.

Durante a ligação, descrita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como “positiva”, os líderes concordaram em realizar uma reunião presencial em breve. Lula aproveitou a ocasião para solicitar a Trump a remoção das tarifas sobre produtos brasileiros e das sanções impostas a altos funcionários.

As tarifas, juntamente com sanções a um juiz da Suprema Corte, faziam parte de uma estratégia de Trump para interferir no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado por acusações de tentativa de golpe em setembro.

Dan Pan, economista do Standard Chartered Bank, considera o diálogo um “passo na direção certa, embora nenhum acordo sobre as tarifas tenha sido alcançado”.

Mercados focam em políticas domésticas e juros, com Selic em perspectiva de corte

Além do avanço nas relações diplomáticas, os mercados têm direcionado seu foco para as políticas domésticas e monetárias. A recente iniciativa do Federal Reserve dos EUA em iniciar um ciclo de afrouxamento monetário adiciona um contexto favorável. Sinais de que o Banco Central do Brasil iniciará o corte da taxa Selic no próximo ano também têm contribuído para o otimismo nas ações locais.

O EWZ acumula uma valorização de 34% no ano, superando o índice mais amplo MSCI Emerging-Market Equity, que registrou alta de 27% no mesmo período. O desempenho das ações latino-americanas também tem sido notável, com o índice MSCI EM Latin America avançando 34% até segunda-feira.

Em um panorama mais amplo, os ETFs de mercados emergentes listados nos EUA, que abrangem diversas nações em desenvolvimento, registraram entradas totais de US$ 1,89 bilhão na semana encerrada em 3 de outubro. Este valor é superior aos US$ 1,33 bilhão da semana anterior, totalizando US$ 26,2 bilhões em entradas no ano. Os ETFs de ações foram os que mais atraíram capital, com US$ 1,44 bilhão, enquanto fundos de títulos receberam US$ 446,3 milhões.

O índice MSCI Emerging Markets fechou a semana em alta de 3,6%, atingindo 1.373,89 pontos, o maior nível desde 30 de junho de 2021. A China/Hong Kong liderou as entradas, com US$ 694,6 milhões, impulsionada pela Invesco China Technology. Em contrapartida, a Argentina enfrentou a maior saída de recursos, com US$ 34 milhões.

Gráfico do desempenho do EWZ, ETF do Brasil, com destaque para a recente alta de capital.
Desempenho do EWZ reflete otimismo com o mercado brasileiro.

Fonte: InfoMoney

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