PF investiga família suspeita de fraudar CNU por até R$ 500 mil

PF investiga família suspeita de fraudar CNU e outros concursos públicos. Esquema cobrava R$ 500 mil para obter gabaritos e garantir aprovações.
fraude em concurso público — foto ilustrativa fraude em concurso público — foto ilustrativa

A Polícia Federal (PF) está investigando um esquema de fraude em concursos públicos, que teria cobrado até R$ 500 mil para garantir aprovações. O caso ganhou destaque após a descoberta de que pelo menos três membros de uma mesma família, de Patos, na Paraíba, foram aprovados no Concurso Nacional Unificado (CNU) do ano passado. Essa coincidência levantou suspeitas que deram início à investigação.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o grupo criminoso utilizava métodos como acesso antecipado às provas, uso de ponto eletrônico para repassar respostas e Falsificação de documentos para que outra pessoa realizasse o exame no lugar do candidato original. Na semana passada, três pessoas foram presas durante a operação “Última Fase”, mas seus nomes não foram divulgados.

Líder do Esquema e Aprovados no CNU

Um relatório da PF aponta Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar, como um dos principais líderes da organização criminosa. Wanderlan, seu irmão e uma sobrinha foram aprovados para o cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT) no CNU, com salário inicial de R$ 22.921,71. Além deles, outros seis candidatos aprovados na fase inicial do concurso também foram incluídos na investigação por apresentarem gabaritos idênticos aos da banca organizadora, acertando e errando as mesmas questões.

Em nota, o Ministério da Gestão informou que está cumprindo determinações judiciais e colaborando com as investigações da PF. A pasta aguarda os desdobramentos da operação para tomar novas medidas, se necessário.

Imagem ilustrativa de um concurso público
Aprovação em concursos públicos é alvo de investigação por suspeita de fraude.

Detalhes da Fraude e Pagamento

Larissa Neves, sobrinha de Wanderlan, que é moradora de São Paulo, realizou a prova em Patos. A PF apreendeu seu celular, onde foram encontradas conversas com seu pai, Antôno Limeira das Neves (irmão de Wanderlan), discutindo o pagamento de R$ 500 mil pela obtenção do gabarito do CNU. O relatório da PF indica que pai e filha planejavam vender imóveis para quitar o valor, e Antôno chegou a usar ouro e um veículo como parte do pagamento.

As mensagens obtidas pela PF mostram que, antes mesmo do início das provas em 18 de agosto de 2024, Larissa já tinha Acesso às respostas do turno da manhã e, horas depois, às respostas do turno da tarde. Ela também recebeu um texto pronto para a redação, correspondente ao tema solicitado.

Outros Investigados e Participação

Luiz Paulo Silva dos santos, outro aprovado para AFT e suspeito de participar de fraudes em mais de 67 concursos, também está sendo investigado. Segundo a PF, ele e Wanderlan teriam feito a prova apenas para demonstrar a possibilidade de fraude aos clientes, sem intenção de assumir o cargo.

Thyago José Andrade é apontado como um dos líderes do esquema, responsável pela operacionalização da fraude. Conversas revelam que ele prometeu repassar as resoluções das questões do curso de formação, última etapa para a Contratação, através de anotações no banheiro. Há também diálogos sobre fraudes em outros concursos, como o de delegado da PF.

Celular apreendido pela Polícia Federal em investigação de fraudes
Apreensão de celular revelou conversas que detalham o esquema de fraude.

A Defesa de Thyago José Andrade expressou confiança na inocência do investigado e na correção dos equívocos do processo.

Afastamento de Aprovados e Outros Concursos Fraudados

Alistrua Valmir Limeira de Souza, irmão de Wanderlan e também aprovado para AFT, não demonstrava conhecimento sobre o concurso, recebendo todas as orientações de Wanderlan. A ausência de registros de estudo ou dúvidas sobre o conteúdo reforça a suspeita de aprovação ilegítima.

A Justiça Federal autorizou o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão e medidas cautelares de afastamento de aprovados que ingressaram no serviço público por meio de fraude. Os mandados foram cumpridos na Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Além do CNU, a organização é suspeita de fraudar concursos para a Caixa Econômica Federal, polícias civis, Polícia Federal e até mesmo o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os investigados responderão pelos crimes de fraude em concurso de interesse público, participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsificação de documento público.

Fonte: Folha de S.Paulo

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