Os fundos de renda fixa apresentaram um desempenho notável em setembro, registrando captação líquida de R$ 42,9 bilhões. Este valor representa o segundo melhor resultado mensal do ano para a categoria, atrás apenas de janeiro, quando as entradas somaram R$ 46,5 bilhões. No acumulado de 2025 até setembro, a indústria de fundos mantém um saldo positivo robusto de R$ 110,9 bilhões, contrastando com os resultados negativos de R$ 9,2 bilhões e R$ 67,9 bilhões observados em 2022 e 2023, respectivamente.


Essa performance recente é um indicativo da atratividade da renda fixa em um cenário de taxa básica de juros, a Selic, a 15%. A indústria de fundos de investimento como um todo alcançou captação líquida de R$ 20,1 bilhões em setembro, segundo dados divulgados pela Anbima.
Dentro da categoria de renda fixa, os fundos do tipo Duração Livre Crédito Livre foram os grandes destaques, atraindo R$ 28 bilhões em captação no mês. No acumulado do ano, esses fundos já somam R$ 109,9 bilhões. Outro segmento com forte desempenho foi o Duração Baixa Soberano, que registrou entrada líquida de R$ 20 bilhões em setembro e R$ 42,2 bilhões no ano.

Em contrapartida, os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e os fundos multimercados apresentaram saídas líquidas significativas, com R$ 7,8 bilhões e R$ 5,4 bilhões, respectivamente. A classe de ações também não ficou imune, registrando uma saída de R$ 3,4 bilhões, sendo que o tipo Ações Livre respondeu por uma perda de R$ 1,8 bilhão no mês.
Desempenho Anual e Fundos Estruturados
Apesar dos resgates em algumas classes mais voláteis, o diretor da Anbima, Pedro Rudge, destacou a resiliência do setor, afirmando que “o resultado da indústria segue positivo” no acumulado do ano. Os fundos estruturados continuam a apresentar bons números, com os FIDCs acumulando captação líquida de R$ 63 bilhões no ano e os FIPs (Fundos de Investimento em Participações) com entradas de R$ 44,7 bilhões.
Os ETFs (Exchange Traded Funds) também demonstram expansão, com captação de R$ 7,3 bilhões entre janeiro e setembro deste ano. Grande parte desse valor, R$ 6,6 bilhões, foi impulsionada por produtos de renda fixa.

Contexto Regulatório e Impacto
Notícias recentes indicam que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende ajustes regulatórios em Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) através do Conselho Monetário Nacional (CMN). O objetivo é “aumentar o direcionamento, garantir que está chegando ao produtor, seja da construção civil, seja da agricultura”. Mudanças neste sentido podem influenciar o fluxo de investimentos para essas aplicações e para outros fundos de renda fixa.
A poupança, por sua vez, registrou o segundo maior volume de saques do ano em setembro, com o resultado acumulado no ano atingindo R$ 78,469 bilhões, segundo dados do Banco Central. Este cenário reforça a busca dos investidores por alternativas que ofereçam maior rentabilidade em um ambiente de juros elevados.
Fonte: InfoMoney