Câmara aprova PEC da Previdência para Agentes de Saúde com impacto de R$ 11 bilhões

Câmara aprova PEC que muda previdência para agentes de saúde e combate a endemias. Impacto fiscal estimado em R$ 11 bilhões. Entenda as novas regras.
Agentes de saúde em mobilização no Congresso Nacional, pressionando pela aprovação da PEC que altera regras de previdência. Agentes de saúde em mobilização no Congresso Nacional, pressionando pela aprovação da PEC que altera regras de previdência.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (7) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera as regras de previdência para agentes comunitários de saúde e de combate às endemias. A votação ocorreu em dois turnos, com placares expressivos: 446 votos a favor e 20 contra no primeiro turno, e 426 a 10 no segundo. A medida representa um impacto fiscal estimado em até R$ 11 bilhões em 3 anos.

Inicialmente, o Governo tentou evitar a votação, mas foi vencido pela maioria dos parlamentares. A avaliação geral é de que a proposta possui forte apelo popular, tornando difícil a oposição.

Impacto Fiscal e Orçamentário

Técnicos em Orçamento ainda não possuem uma estimativa precisa do impacto fiscal total, pois os dados oficiais da Previdência não foram requisitados. O relator do texto, deputado Antonio Brito (PSD-BA), estima um custo anual de R$ 1 bilhão, totalizando R$ 5,5 bilhões até 2030. No entanto, estimativas internas apontam para um valor que pode atingir R$ 11 bilhões em apenas três anos.

A PEC também veda a Contratação temporária ou terceirizada desses profissionais, exceto em emergências de saúde pública, e determina que as admissões sejam feitas exclusivamente por concurso público para cargos efetivos.

Reconhecimento e Valorização da Categoria

Na justificativa da PEC, Brito ressaltou a importância do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE), que atuam diretamente em contato com as comunidades, muitas vezes em áreas de risco social e epidemiológico. O relator destacou as condições precárias enfrentadas por esses profissionais, como longas caminhadas sob condições climáticas adversas e exposição a doenças e violência urbana.

Os profissionais desempenham um papel crucial na prevenção de epidemias e na promoção da saúde básica, incluindo visitas domiciliares, controle de focos de endemias e acompanhamento de populações vulneráveis. A União será responsável por compensar financeiramente os Estados e municípios pelos custos adicionais gerados pelas novas aposentadorias.

A votação ocorre em um momento de negociações intensas para a aprovação de medidas que compensem o orçamento, como a MP alternativa ao IOF, que, após concessões, deve arrecadar R$ 17 bilhões entre 2025 e 2026. A aprovação da PEC da Previdência para os agentes de saúde, com um impacto fiscal considerável, levanta questões sobre a sustentabilidade das contas públicas, especialmente em um ano eleitoral.

Agentes de saúde em mobilização no Congresso Nacional para pressionar pela votação da PEC.
Agentes de saúde pressionam pela aprovação da PEC que altera regras de previdência.

Disputa entre Câmara e Senado

A aprovação da PEC pela Câmara também ocorre em meio a tensões com o Senado Federal. Os senadores também estão discutindo um regime especial de Aposentadoria para agentes de saúde através do PLP 185/2024. A Câmara busca, com essa aprovação, afastar a imagem de pautas consideradas “tóxicas” e demonstrar sua capacidade de aprovar projetos de interesse popular.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, expressou alegria com a aprovação, reconhecendo o trabalho essencial dos agentes de saúde. A situação é comparada por alguns líderes à votação do piso da enfermagem, onde a oposição governamental foi superada pela força da base. Os agentes de saúde se mobilizaram durante o dia no Congresso para pressionar pela votação.

Regras da PEC para Aposentadoria

A PEC estabelece um regime especial de Aposentadoria com idades e tempo de contribuição reduzidos. A idade mínima será de 57 anos para mulheres e 60 anos para homens, com 25 anos de contribuição e exercício efetivo na função. Para os profissionais já na ativa, uma regra de transição escalonada vigorará até 2040, com idades mínimas progressivas.

O texto também permite a renúncia da aposentadoria atual para recalcular o benefício, utilizando novas contribuições para aumentar o valor. Essa possibilidade, no entanto, é vista por técnicos como “inconstitucional”, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu em 2016 que a desaposentação é inconstitucional.

Fonte: Valor Econômico

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