As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em alta, em uma sessão negativa para os ativos de países emergentes. No Brasil, o movimento foi influenciado pelo mau humor do mercado em relação à política fiscal do governo Lula.
Comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que uma proposta de tarifa zero no transporte Público vai fazer parte da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudaram a sustentar a curva a termo.
Apesar do recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,535%, em alta de 7 pontos-Base. Já o contrato para janeiro de 2029 marcava 13,46%, ante 13,365% da sessão anterior.
Entre os contratos mais longos, o DI para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,785%, com elevação de 12 pontos-base.
Contexto Fiscal e Cautela Global
A sessão desta terça-feira foi, de modo geral, negativa para os ativos de países emergentes. Investidores globais atuaram na ponta de venda de ações, moedas e títulos locais.
De acordo com Marcelo Muniz, head de Tesouraria do banco C6, este movimento vem sendo percebido há algum tempo, mas o Brasil tem apresentado um desempenho pior em comparação com alguns pares da América Latina.
“O Brasil está levemente pior que os outros, porque o mercado reflete o aumento das preocupações fiscais”, pontuou Muniz. “Há notícias sobre isenções para alguns ativos, a confirmação do estudo para reduzir tarifa de ônibus para todo mundo”, citou.

Impacto das Declarações de Haddad
Na semana passada, rumores de que o governo federal poderia lançar um programa para zerar as tarifas de ônibus já haviam pressionado os ativos, em especial a curva de juros, em meio a preocupações de que isso signifique mais gastos fiscais.
Na noite de segunda-feira, Fernando Haddad confirmou que o tema da tarifa zero no transporte público será levado para a campanha presidencial. Nesta terça, ele reiterou que um estudo Técnico está sendo realizado.
“Isso (a questão da tarifa zero) reflete no humor dos investidores. É mais qualitativo do que quantitativo”, avaliou Muniz sobre o impacto na curva. “Estamos em uma escalada da dívida no Brasil, este é um assunto que tem que ser resolvido logo, mas o governo traz o assunto sempre para o outro lado”, acrescentou.
Repercussão na Curva de Juros
Neste cenário, as taxas dos DIs se mantiveram em alta durante toda a sessão. Perto do fechamento, a curva brasileira precificava em 99% a probabilidade de manutenção da Selic em 15% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, no início de novembro.
No exterior, em meio à paralisação parcial do governo dos EUA e a comentários de dirigentes do Federal Reserve, os rendimentos dos Treasuries cediam. O retorno do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 3 pontos-base, a 4,129%.
O mercado aguarda novos desdobramentos sobre a política fiscal brasileira e possíveis anúncios que possam trazer maior clareza e confiança aos investidores. Acompanhe as notícias sobre os mercados em AEconomia.news.
Fonte: InfoMoney