O governo federal anunciou um novo modelo de crédito imobiliário com recursos da poupança. A medida, desenvolvida em parceria entre o Banco Central, Ministério das Cidades, Ministério da Fazenda e a Caixa, visa dinamizar o setor e pode injetar pelo menos R$ 20 bilhões na economia.


A principal alteração consiste na forma como os recursos da caderneta de poupança são direcionados para o financiamento habitacional. Com o novo modelo, a cada real de financiamento imobiliário concedido, os bancos poderão liberar um volume equivalente de recursos da poupança para uso livre por um período de 5 anos. Após esse prazo, um novo crédito imobiliário seria necessário para renovar essa permissão.
Alterações no Compulsório da Poupança
Atualmente, 65% dos recursos da poupança são obrigatoriamente destinados ao crédito imobiliário, 20% ficam como depósito compulsório no Banco Central e os 15% restantes podem ser livremente aplicados pelos bancos. Na nova dinâmica, 5 pontos percentuais do compulsório podem ser realocados para a nova sistemática. Isso significa que, para os bancos que ofertarem crédito imobiliário, o recolhimento compulsório efetivo cairia para 15%, liberando mais capital.
O período de testes deste novo modelo está previsto para durar até o final de 2026, com a aplicação plena esperada para 2027. A expectativa é que, com a liberação imediata do compulsório, a economia possa receber entre R$ 20 bilhões e R$ 37,5 bilhões, impulsionando a capacidade dos bancos de concederem crédito livre.

Impacto e Potencial de Mercado
O potencial de liberação de recursos é calculado a partir do saldo da poupança livre utilizada para financiamento da casa própria. A adesão das instituições financeiras será crucial, especialmente para bancos como a Caixa Econômica Federal, que já opera com recursos de direcionamento próximos do limite.
Essa medida surge em um contexto onde o Banco Central busca conter a inflação com a taxa Selic em 15% ao ano, decisão que tem sido alvo de Críticas por parte de ministros do governo.
Do montante liberado, 80% deverá ser direcionado ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH), com juros limitados a 12% ao ano mais a Taxa Referencial (TR) para imóveis de até R$ 1,5 milhão. Os 20% restantes poderão ser alocados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), sem restrições de taxas.

Próximos Passos e Projeções
A implementação do novo modelo requer apenas a aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e uma resolução do Banco Central. Uma reunião extraordinária do CMN está prevista para esta semana, com técnicos do BC já trabalhando na norma para antecipar os efeitos da mudança ainda este ano.
Simulações indicam que, com o modelo em plena operação, a exigibilidade de aplicação dos bancos em crédito imobiliário poderia saltar de R$ 90 bilhões para R$ 200 bilhões em dois anos, demonstrando o grande potencial de fomento ao setor.
Fonte: InfoMoney