Petrobras destina R$ 9,6 bi para obras de refino no antigo Comperj

Petrobras assina contratos de R$ 9,6 bilhões para obras de refino no antigo Comperj, focando em diesel e querosene de aviação. Expectativa de 15 mil empregos.
Petrobras Comperj obras — foto ilustrativa Petrobras Comperj obras — foto ilustrativa

A Petrobras anunciou a assinatura de contratos no valor de R$ 9,6 bilhões destinados a obras de refino no Complexo de Energias Boaventura, conhecido anteriormente como Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), localizado em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. A estatal também firmou acordos de R$ 10 bilhões para o afretamento de quatro embarcações de apoio à produção de petróleo em alto-mar, conforme comunicado na segunda-feira (6).

Os contratos para o Complexo Boaventura marcam a retomada dos investimentos em refino no projeto, que haviam sido suspensos após a descoberta de um esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. A diretoria da Petrobras já havia aprovado a retomada das obras em 2023, com o objetivo de produzir diesel, querosene de aviação e lubrificantes com baixo teor de enxofre. Segundo a Petrobras, o pico das obras deverá gerar 15 mil empregos na região.

O Comperj foi um dos focos centrais das investigações da Lava Jato, a partir da delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que revelou um cartel de empreiteiras responsável pela loteamento de grandes obras da estatal. Embora a Petrobras não divulgue o montante já investido, o Tribunal de Contas da União (TCU) informou em 2022 que o projeto acumulava Prejuízos de US$ 14 bilhões, o equivalente a quase R$ 80 bilhões na cotação atual.

Em setembro de 2024, durante cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, estimou em R$ 13 bilhões os gastos necessários para concluir as obras remanescentes. Na ocasião, Lula questionou o custo da paralisação, sugerindo que o país deveria considerar o valor perdido pela inatividade do projeto desde 2018, embora as obras tenham sido suspensas em 2015.

Obra em andamento no antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Investimento bilionário visa retomada da produção de derivados de petróleo.

Naquele evento, a Petrobras inaugurou uma unidade de tratamento de gás natural no complexo, o que possibilitou o aumento do escoamento da produção do pré-sal. Parte desse gás será destinado à produção de matéria-prima para a indústria petroquímica. Essa iniciativa fortalece a cadeia de fornecedores nacionais, com potencial para ampliar a participação da indústria brasileira na execução e manutenção de embarcações.

Os contratos para as obras de refino foram firmados com consórcios compostos pelas empresas Tenenge Engenharia, Empresa Construtora Brasil, EGTC Infra, Heftos Óleo e Gás, Construtora Colares Linhares; Monto Industrial, Mendes Junior Trading e Engenharia, UTC Óleo e Gás Engenharia, Alfredo Possebom Filho & Cia, Universal Process Equipamentos Industriais, CPL Construtora e Engecampo Engenharia. Já as embarcações de apoio, que serão operadas pela Bram, terão construção realizada pelo estaleiro Navship, em Navegantes (SC), com entrega prevista entre 2029 e 2030. A Petrobras prevê a geração de 1.500 empregos diretos e 5.400 indiretos durante as fases de obras e operação.

Plataforma de petróleo em alto-mar, ilustrando a produção que será apoiada pelas novas embarcações.
Novas embarcações de apoio à produção de petróleo no pré-sal.

O projeto exige um percentual mínimo de 40% de conteúdo local na fase de construção e 60% na operação. A Bram, contudo, planeja atingir até 80% de conteúdo local na construção e até 90% na operação. A Petrobras ressalta que esses contratos fortalecem a cadeia de fornecedores nacionais, ampliando a participação da indústria brasileira na execução e manutenção das embarcações, com previsão de 1.500 empregos diretos e 5.400 indiretos.

O Impacto da Lava Jato no Comperj

O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) se tornou um símbolo dos desvios na estatal. A descoberta do esquema de corrupção, que envolvia um cartel de empreiteiras, levou à paralisação das obras e a investigações que abalaram o setor. A retomada dos investimentos em refino, agora com foco em derivados de baixo teor de enxofre, sinaliza uma nova fase para o projeto, que busca mitigar os prejuízos passados e impulsionar a economia local.

Investimento em Derivados Estratégicos

Os novos contratos visam a produção de diesel, querosene de aviação e lubrificantes. Estes produtos são essenciais para a matriz energética brasileira e para a indústria. A decisão da Petrobras de investir em refino no Comperj reflete uma estratégia de diversificação e agregação de valor ao petróleo extraído, especialmente do pré-sal. A expectativa é que o pico das obras gere cerca de 15 mil empregos diretos.

Contratos e Cadeia de Suprimentos

A assinatura dos contratos envolve múltiplos consórcios de empresas de engenharia e construção, fortalecendo a cadeia de suprimentos Nacional. A construção das embarcações de apoio, a serem entregues entre 2029 e 2030, também prioriza o conteúdo local, com estimativas que podem chegar a 80% na construção e 90% na operação. Esse movimento reafirma o compromisso da Petrobras com o desenvolvimento industrial e a geração de empregos no Brasil.

Fonte: Folha de S.Paulo

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