O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou que o banco repetirá em 2025 o mesmo padrão de repasses ao Tesouro que ocorreu em 2024, quando 100% do Lucro foi transferido. Mercadante afirmou o compromisso do banco em contribuir para a gestão da Fazenda, visando a estabilidade econômica e o crescimento do país. Os dados financeiros do BNDES, que mostrarão uma queda na inadimplência, serão divulgados em breve.
Durante sua agenda em Belém, que sediou a COP-30, o BNDES destacou seu papel como principal financiador das obras de infraestrutura da cidade. Além disso, o banco gerencia o Fundo da Amazônia e o Fundo Clima, evidenciando o compromisso com o combate às mudanças climáticas.
Mercadante adiantou, em entrevista exclusiva, que o BNDES lançará em Parceria com o setor privado uma certificadora de crédito de carbono brasileira. Investimentos significativos foram direcionados para obras de macrodrenagem em Belém, combate a incêndios, desmatamento e garimpo ilegal, além de um plano para enfrentar desastres naturais. A criação de uma certificadora de carbono em colaboração com um grande banco nacional foi também anunciada.
Saúde Financeira do BNDES e Repasses ao Tesouro
O BNDES tem liberado cerca de R$ 1 bilhão por dia útil, totalizando R$ 278 bilhões no ano anterior, consolidando-se como um dos melhores resultados do sistema financeiro. O banco ostenta a menor inadimplência do Mercado, com projeção de redução adicional. Em 2024, foram repassados ao Tesouro cerca de R$ 40 bilhões, incluindo impostos, dividendos e repactuações, o que posicionou o BNDES como uma surpresa positiva na gestão fiscal.
Para 2025, Mercadante assegurou a manutenção do padrão de repasses, com a transferência integral do lucro, mesmo que a legislação permita apenas 60%. Esse esforço visa fortalecer a estabilidade econômica do país.
Captação para Operações Sustentáveis e Crédito de Carbono
A captação de recursos para operações sustentáveis tem sido robusta, com destaque para a recente emissão pelo Tesouro do Fundo Clima, que atraiu alta demanda e contou com grau de investimento. Essa captação permitirá oferecer taxas diferenciadas para projetos como o plantio de árvores, garantindo a viabilidade econômica de empresas verdes.
O BNDES está estruturando 21 projetos para a gestão privada de florestas públicas, uma iniciativa que visa a conservação ambiental e a geração de empregos. O crédito de carbono é visto como um pilar fundamental, com o lançamento iminente de uma agência certificadora em Belém, em parceria com grandes instituições financeiras.
Investimento do BNDES na COP-30 e Legado para Belém
O BNDES realizou o maior investimento histórico em macrodrenagem urbana em Belém, com R$ 1,5 bilhão destinados a obras de saneamento e drenagem nas áreas mais vulneráveis da cidade. A iniciativa visa mitigar os impactos das chuvas intensas e criar um legado permanente para a população local, transformando o evento global em uma oportunidade de desenvolvimento sustentável.
Além da macrodrenagem, foram financiados dois terminais hidroviários e a pavimentação de áreas Críticas. O projeto, iniciado antes da definição de Belém como sede da COP-30, teve seu escopo ampliado e as obras aceleradas para coincidirem com o evento.
Plano Nacional de Enfrentamento a Desastres Naturais
Em colaboração com a Marinha e o Cemaden, o BNDES está apoiando a elaboração de um plano nacional para o enfrentamento de desastres naturais, com um investimento inicial de R$ 30 milhões, complementado por R$ 20 milhões da Finep e um compromisso adicional de R$ 50 milhões. A criação de uma Diretoria específica para desastres naturais reflete a crescente demanda por ações de mitigação e adaptação, especialmente diante do aumento de incêndios e deslizamentos causados pelas mudanças climáticas.
O banco também tem financiado corpos de bombeiros na Amazônia para o combate a incêndios florestais e está investindo em tecnologias como Inteligência Artificial para identificar e apreender garimpos ilegais, recuperando o valor investido por meio da apreensão de ouro contrabandeado.
Mobilidade Sustentável e Frota Híbrida
O BNDES desenvolveu um plano de mobilidade para 21 grandes áreas urbanas brasileiras, definindo prioridades de investimento em VLTs, BRTs e corredores de ônibus. O banco apoia a transição para uma frota híbrida etanol/elétrica, considerada mais descarbonizante e economicamente viável para o Brasil do que a eletrificação total. Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento com montadoras como Volkswagen, Toyota e Stellantis visam a adoção de carros híbridos como padrão em lançamentos futuros.
Combate ao Desmatamento e Garimpo Ilegal na Amazônia
O BNDES tem sido um agente ativo no combate ao desmatamento e garimpo ilegal na Amazônia, com um investimento de R$ 318 milhões ao Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI). Este centro, que reúne polícias da região e de países vizinhos, tem sido crucial na inteligência e apreensão de bens ilícitos. O banco também destinou R$ 850 milhões ao Ibama para aquisição de equipamentos como helicópteros e drones, que têm auxiliado na identificação e combate a atividades ilegais, com destaque para a apreensão de ouro contrabandeado.
Fonte: Estadão
