Carvão no Brasil: Por que a energia suja resiste em país renovável?

Descubra por que o carvão ainda resiste no Brasil, mesmo com a força das energias renováveis. Entenda os desafios da transição energética.
carvão no Brasil — foto ilustrativa carvão no Brasil — foto ilustrativa

Uma das últimas usinas a carvão do Brasil retomou suas operações após um investimento milionário de um grupo empresarial, sinalizando a persistência do combustível fóssil em um país líder em energia renovável. A Âmbar, empresa controlada pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, aposta na continuidade do uso do carvão, apesar de sua contribuição significativa para o aquecimento global.

Carvão segue relevante apesar da matriz renovável

O Brasil, anfitrião da COP30 e incentivador do abandono de combustíveis fósseis, ainda depende de seis usinas a carvão que produzem 3% de sua eletricidade. Esse cenário ilustra como a pressão de grupos de interesse e a ausência de um plano de transição energético consolidado mantêm o uso do carvão, mesmo com a abundância de fontes solares e eólicas.

‘O Brasil tem absolutamente o potencial, com todos os recursos solares, além das hidrelétricas e do vento, para descomissionar essas usinas a carvão’, afirma Christine Shearer, do think tank Global Energy Monitor. ‘A força do lobby do carvão, especialmente nos Estados mineradores, é o motivo pelo qual essas usinas ainda existem.’

Usina de carvão no Rio Grande do Sul, Brasil
Usina de Candiota, no Rio Grande do Sul, é uma das últimas do Brasil a operar com carvão.

Apoio governamental e leilões para o setor

O Congresso Nacional aprovou recentemente uma medida provisória que garante contratos até 2040 para usinas a carvão nacional, como a de Candiota. Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda possa vetar a medida, o apoio legislativo demonstra a força do setor. Além disso, o governo incluiu o carvão em um leilão de capacidade previsto para março de 2026, com o objetivo de reforçar a segurança energética com termelétricas de acionamento rápido.

No entanto, especialistas questionam a capacidade de partida rápida das usinas a carvão, argumentando que elas não oferecem a flexibilidade necessária em um sistema elétrico que depende cada vez mais de fontes intermitentes como solar e eólica. Críticos apontam a Falta de planejamento de longo prazo e a infraestrutura de transmissão deficiente como fatores que tornam o governo vulnerável à pressão de grupos do setor, apesar dos custos ambientais e financeiros mais altos.

Impacto social e a busca por uma transição justa

A manutenção das usinas a carvão afeta não apenas os empreendimentos da Âmbar, mas também minas locais e indústrias que utilizam as cinzas do combustível. O fechamento da usina de Candiota, por exemplo, poderia levar à perda de cerca de 10 mil empregos na região, que carece de alternativas econômicas robustas.

José Adolfo de Carvalho Junior, administrador de uma mina de carvão local, argumenta que encerrar a única fonte de empregos de qualidade na região teria um impacto desproporcional, questionando se a eliminação do carvão brasileiro teria um impacto significativo no CO2 global. Moradores como Graça dos Santos, que perdeu o emprego com o fim de um contrato governamental, clamam por uma ‘transição energética justa’ que ofereça novas oportunidades antes do fechamento definitivo.

A região de Candiota possui potencial em outras indústrias, como agropecuária e produção de azeites, que poderiam absorver parte da mão de obra com investimento adequado. Contudo, críticos apontam a ausência de planos concretos para viabilizar essa transição. Enquanto alguns trabalhadores buscam novas qualificações, como manutenção em torres eólicas, a incerteza sobre o futuro do carvão na região persiste.

Fonte: InfoMoney

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