Soraya Thronicke: “Bolsonaro me enganou, permiti”. Análise e próximos passos

Senadora Soraya Thronicke revela ter se sentido enganada por Bolsonaro e critica o “gabinete do ódio”. Análise da CPI das Bets e planos de saúde.
Soraya Thronicke Bolsonaro — foto ilustrativa Soraya Thronicke Bolsonaro — foto ilustrativa

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) reavaliou sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, admitindo que se sentiu “enganada” e que permitiu a situação. A política, que iniciou sua trajetória em 2015 em meio a manifestações contra Dilma Rousseff, construiu uma carreira com discursos anti-corrupção e forte atuação jurídica.

Inicialmente filiada ao Novo e depois ao PSL, partido de Bolsonaro, Thronicke foi eleita senadora em 2018 como uma das representantes do então presidente. No entanto, a relação se desgastou entre 2019 e 2020, com a senadora criticando a postura de Bolsonaro em “não escutar a opinião” e em “incitar contra o STF”. Em 2022, migrou para o União Brasil e, em 2023, para o Podemos, lançando sua candidatura à presidência com uma oposição declarada ao ex-presidente.

Durante os debates eleitorais de 2022, Soraya Thronicke ganhou notoriedade ao confrontar Bolsonaro e o candidato padre Kelmon, virando meme nacional. Naquela eleição, obteve 0,5% dos votos, ficando em 5º lugar. Hoje, declara-se centro-direita e critica o bolsonarismo, classificando-o como uma “seita” e afirmando ter sido vítima do “gabinete do ódio”.

Críticas à Atuação do Governo Bolsonaro e o “Gabinete do Ódio”

Soraya Thronicke detalhou sua experiência como vítima do que chama de “gabinete do ódio”, um grupo supostamente responsável pela disseminação de mensagens difamatórias durante a gestão Bolsonaro. Ela descreve os apoiadores do ex-presidente como “kamikazes” e membros de uma “seita” que devem seguir o líder sem questionar, o que a levou a romper com o bolsonarismo. A senadora também criticou a Falta de escuta e a incitação contra o Supremo Tribunal Federal (STF) como pontos de discórdia.

A senadora lembrou que, mesmo após seu rompimento, o grupo continuava a incitar ataques, e que muitos aliados de Bolsonaro foram vítimas de uma “dissonância cognitiva coletiva”. Ela compara a rede social a uma “nova praça pública em que se apedrejam as pessoas até a morte”, referindo-se à “morte social” decorrente de ataques virtuais.

CPI das Bets: Interesses e Pressões no Congresso

Thronicke relatou as dificuldades enfrentadas como relatora da CPI das Bets, que culminou na derrota de seu relatório pedindo o indiciamento de 16 pessoas. Segundo ela, a derrota ocorreu por “posições políticas” dos colegas, influenciadas por um “lobby muito forte” e por “interesses de parlamentares membros da CPI na questão das bets”. A senadora acredita que as casas de apostas exercem poder sobre muitos parlamentares, apesar de não a terem controlado.

Ela revelou ter sofrido pressão, calúnias e ameaças durante o processo, com mensagens como “é melhor você parar” e “você não sabe onde você está mexendo”. A senadora também destacou que a CPI teve um “cunho pedagógico muito bom”, conscientizando a sociedade sobre a gravidade do vício em apostas, que ela classifica como “uma pandemia” e “uma doença mental” para a qual o SUS não estava preparado. Seu projeto de lei busca proibir a Publicidade e influência de pessoas e animais em campanhas sobre apostas.

Senadora Soraya Thronicke em seu gabinete em Brasília.
Senadora Soraya Thronicke em seu gabinete em Brasília.

Planos de Saúde e o SUS: Dívidas Bilionárias e Abuso de Poder

A senadora abordou também a investigação sobre a transferência de responsabilidades das operadoras privadas para o SUS. Ela está relatando um projeto de lei que proíbe decisões unilaterais das operadoras e revelou um débito de cerca de R$ 16 bilhões dos planos de saúde com o SUS. Thronicke denunciou que algumas operadoras, como o Bradesco Saúde, determinam os códigos de tratamento e se auto-regulamentam, desconsiderando o que consta em seus contratos, o que deveria ser regulado pela ANS.

A Bradesco Saúde, em nota, afirmou atuar em conformidade com as normas da ANS e regulamentações do setor. A senadora expressou Confiança no novo presidente da ANS, Wadih Damous, para frear abusos, e destacou a pressão exercida por lobistas e parlamentares para impedir avanços nesse tema.

Posicionamento Político e Perspectivas para o Futuro

Soraya Thronicke se define como centro-direita e considera o verdadeiro conservadorismo como institucional, não de costumes. Ela avalia positivamente o Governo Lula em aspectos econômicos, citando a melhora na articulação com o Congresso e o diálogo, além de “bons índices” de desemprego e a aprovação da reforma tributária. Ela considera o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mais liberal que Paulo Guedes, e critica a falta de transição e a sonegação de informações por parte do governo anterior.

A senadora pretende se candidatar à reeleição para o Senado, apesar de pesquisas apontarem para um cenário desafiador em seu estado, Mato Grosso do Sul. Ela acredita que seu público se expandiu após a campanha presidencial de 2022 e que sua independência política atrai eleitores de diferentes espectros. Thronicke também se posicionou firmemente contra qualquer candidatura indicada por Bolsonaro, reiterando que “jamais” o apoiaria.

Sobre a condenação de Bolsonaro, Thronicke afirmou que o devido processo legal foi respeitado, que a pena está adequada e que o ex-presidente sancionou a legislação que o condenou. Ela lamentou a ingenuidade de muitos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, mas destacou que ninguém ali era inocente. A senadora mantém sua postura de independência, focando em seu mandato e na construção de sua campanha para a reeleição.

Fonte: G1

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