Selic Mantida em 15%: Analistas Divididos Sobre Início de Cortes de Juros

Selic mantida em 15%: analistas divergem sobre o início de cortes de juros. Entenda os argumentos para um corte em dezembro ou somente em 2026.
Corte de Juros Selic — foto ilustrativa Corte de Juros Selic — foto ilustrativa

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 15% ao ano, anunciada nesta quarta-feira, já era amplamente esperada. No entanto, a perspectiva futura gera divergências entre os especialistas do Mercado financeiro. Alguns economistas preveem um início de corte de juros já no próximo mês, enquanto outros argumentam que as condições atuais não são favoráveis para tal medida.

Os defensores de uma redução mais rápida apontam para indicadores recentes que sinalizam queda da inflação e desaceleração da economia. Ademais, citam a decisão do Fed (banco central americano) de reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto nos Estados Unidos na semana passada. Essa medida tende a atrair investidores para países como o Brasil em busca de maiores retornos, o que pode levar à valorização do real e, consequentemente, ajudar a controlar a inflação.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, explica que essa dinâmica já foi observada ao longo do ano. Ele acredita que a Selic começará a cair em janeiro de 2026. Dois fatores justificam a manutenção da taxa em patamar elevado: a inflação de serviços e a baixa taxa de desemprego. Segundo Vale, a queda da inflação, combinada com a Selic em 15%, implica um aumento da taxa de juros real. A expectativa é que o Copom ajuste os juros básicos a partir de janeiro para manter a taxa real constante, acompanhando a desinflação.

Gráfico da economia brasileira com foco na taxa Selic e inflação.
Decisão do Copom sobre a taxa Selic gera debates sobre o futuro da política monetária.

Divergências sobre o Momento Ideal para Cortes

Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galápagos Capital, tem uma visão mais otimista, considerando que um ciclo de afrouxamento monetário poderia iniciar em dezembro deste ano. Ela ressalta que a taxa de juros real brasileira está elevada há dez meses, o maior período desde a adoção das metas de inflação em 1999, e que a política monetária tem sido eficaz. “Não é necessário manter esse grau de aperto por muito mais tempo, estamos vendo a inflação corrente caindo”, afirma.

Pinheiro argumenta que a inflação de preços livres e a inflação do atacado estão em patamares muito baixos, o que minimiza a pressão para repassar Custos ao varejo. Ela também observa sinais de desaceleração na atividade econômica, após um breve repique em agosto, e que as expectativas de longo prazo estão se aproximando da meta de 3%.

Por outro lado, Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, sugere que o ciclo de cortes de juros deveria começar somente em março de 2026. Sua análise se baseia na alta indexação de preços no Brasil, especialmente de tarifas e serviços imunes à taxa de juros, como aluguéis. Segundo Agostini, o nível de juros precisa ser mais alto para compensar esses efeitos e fazer o preço médio ceder. Ele prevê que a inflação só entrará em uma “zona de conforto” a partir de março de 2026, com a alta de preços acumulada em 12 meses atingindo cerca de 3,8%, ante os atuais 5,17%.

Análise do Comunicado do Copom

Diante da expectativa consolidada sobre a manutenção da Selic, a atenção dos especialistas se voltou para o comunicado divulgado pelo Copom. Marcos Moreira, sócio da Garten Capital, destacou a indicação de que a política monetária deve ser mantida em patamar contracionista por um “período bastante prolongado”. Pedro Cutolo, da ONE Wealth Management, também ressaltou o tom conservador do texto.

Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, observou um “pequeno ajuste” no comunicado, que sugere um arrefecimento da inflação. Contudo, ele acredita que a taxa nominal não deve sofrer alterações ainda este ano, pois a inflação permanece acima do teto da meta.

José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, apontou que o comunicado foi “bastante consistente com o teor da reunião anterior, sinalizando a manutenção de uma política monetária contracionista”. Essa consistência reforça a cautela do Banco Central em frente às incertezas econômicas.

Fonte: Folha de S.Paulo

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