STF julga recurso de Bolsonaro; local de prisão de ex-presidente é incerto

STF julga recurso de Bolsonaro sobre trama golpista. Local de prisão incerto gera especulações, com decisão de Moraes sob foco.
STF julga recurso de Bolsonaro — foto ilustrativa STF julga recurso de Bolsonaro — foto ilustrativa

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta sexta-feira (7) o julgamento de um recurso de Jair Bolsonaro e outros seis condenados pela trama golpista. A decisão marca uma nova etapa no processo, com a possibilidade de cumprimento da pena de Prisão em regime fechado se aproximando para o ex-presidente, embora o local de sua eventual reclusão ainda seja desconhecido.

Julgamento e Votos da Primeira Turma do STF

Os ministros da Primeira Turma do STF apresentarão seus votos em julgamento virtual. O ministro-relator, Alexandre de Moraes, deve expor sua posição às 11h, com os demais membros tendo até o dia 14 de novembro para depositar seus votos. A expectativa é de um resultado unânime contra o recurso apresentado por Bolsonaro, com os ministros agindo de forma célere.

O ministro Luiz Fux não formalizou seu pedido para participar dos julgamentos sobre a trama golpista após sua mudança para a Segunda Turma. Ele havia sido o único a divergir das condenações impostas à Primeira Turma contra Bolsonaro e seus aliados. Sem sua participação, um empate Técnico poderia beneficiar os réus ou suspender o julgamento, seguindo precedentes recentes do tribunal.

Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF)
STF é o palco do julgamento do recurso de Jair Bolsonaro.

Natureza do Recurso e Embargos

O julgamento desta sexta-feira se concentra em embargos de declaração, um tipo de recurso que aponta obscuridades, imprecisões, contradições ou omissões na decisão original do STF. Este recurso não altera o mérito da condenação ou absolvição, mas pode gerar questionamentos sobre a sentença e, potencialmente, reduzir a pena dos réus.

As defesas dos condenados ainda planejam apresentar embargos infringentes, que permitiriam rediscutir questões de mérito. No entanto, a interpretação dominante no STF é que esses embargos só são aceitos se houver pelo menos dois votos favoráveis ao réu no colegiado. Diante disso, Moraes pode rejeitar os recursos individualmente.

Imagem de Jair Bolsonaro durante evento político.
Jair Bolsonaro busca anular ou reduzir sua pena em recurso no STF.

Incerteza sobre o Local da Prisão de Bolsonaro

A jurisprudência do STF adota o princípio da unirrecorribilidade, limitando as partes a um único recurso contra uma decisão. Tradicionalmente, o cumprimento da pena só se inicia após a rejeição do segundo recurso. No caso de Bolsonaro, isso significaria o início da pena após a negativa do segundo embargo de declaração, previsto para janeiro. No entanto, há especulações de que Moraes possa acelerar o processo e decretar o fim da pena após a rejeição do primeiro recurso, uma prática com poucos precedentes no tribunal.

Ministro Alexandre de Moraes em sessão no STF.
Alexandre de Moraes é o relator do processo de Bolsonaro.

Argumentos da Defesa de Bolsonaro

No recurso em análise, a Defesa de Bolsonaro alega que os ministros do STF foram imprecisos e omissos em pontos cruciais, falhando em discutir teses defensivas e analisar profundamente questões que poderiam levar à anulação do processo. Uma das alegações é a de que o ex-presidente teria desistido voluntariamente de aplicar um golpe de Estado no final de 2022, caso houvesse indícios de execução de tais planos.

A Defesa cita a divergência de Luiz Fux como reforço da plausibilidade da tese de desistência voluntária. Os advogados de Bolsonaro listam oito omissões e contradições que teriam prejudicado o julgamento, incluindo a vinculação da trama golpista aos atos de 8 de janeiro de 2023, cerceamento de defesa, Falta de credibilidade da delação de Mauro Cid e inconsistências nas provas contra o ex-presidente.

Jair Bolsonaro em um evento público, cercado por apoiadores.
A defesa de Bolsonaro alega omissões e contradições na decisão do STF.

Condenações e Penas no Processo da Trama Golpista

Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar a trama golpista de 2022, tornando-se o primeiro ex-presidente brasileiro punido pelo crime de golpe de Estado. Outros condenados incluem Almir Garnier Santos (ex-chefe da Marinha), Mauro Cid (tenente-coronel), Walter Braga Netto e Paulo Sérgio (ex-ministros da Defesa), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI) e Anderson Torres (ex-ministro da Justiça).

Mauro Cid, como beneficiário de acordo de colaboração premiada, é o único que não ficará preso, com pena de dois anos de reclusão em regime aberto. Todos os demais deverão cumprir pena em presídios comuns ou em salas especiais, conforme a decisão do STF.

Documentos judiciais em uma mesa.
A pena de Bolsonaro foi fixada em 27 anos e 3 meses.
Advogados em reunião.
Defesa busca anular a condenação com embargos de declaração.

Fonte: Folha de S.Paulo

Adicionar um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Imagens e vídeos são de seus respectivos autores.
Uso apenas editorial e jornalístico, sem representar opinião do site.

Precisa ajustar crédito ou solicitar remoção? Clique aqui.

Publicidade