A segurança pública emergiu de forma contundente na campanha eleitoral, pegando o Governo de surpresa com a extensão da insatisfação popular frente à complacência com o crime organizado. A questão, antes negligenciada, agora domina o debate, expondo décadas de descaso e irresponsabilidade das elites políticas, tanto da esquerda quanto da direita, com o tema.
A Reação Tardia do Governo Federal
A estratégia de Brasília tem sido, predominantemente, a de jogar a responsabilidade para os estados, alegando que a Constituição lhes confere a primazia na manutenção da ordem pública. Essa postura foi, inclusive, a primeira reação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, diante dos recentes eventos no Rio de Janeiro. Contudo, a Constituição também atribui ao governo federal a responsabilidade crucial pela vigilância das fronteiras e pelo combate ao contrabando de drogas e armas pesadas, um dever que tem sido cumprido de forma desastrosa.
Consolidação do Crime Organizado Nacional
Ao longo dos últimos 23 anos, em que governos petistas estiveram no poder por 17, o crime organizado se fortaleceu em todo o território nacional, estabelecendo forte presença na Amazônia. Apesar da dimensão alarmante do problema, o governo falhou em reconhecer e unir os pontos para uma estratégia nacional eficaz contra o crime organizado.
O Alto Custo de Retomar o Controle
A necessidade de retomar o controle integral do território e libertar milhões de brasileiros do domínio das facções criminosas se tornou imperativa. Essa empreitada exigirá um investimento financeiro substancial, demandando uma readequação das prioridades governamentais e o fim de práticas que visam apenas a manutenção do poder através da distribuição de benesses. A provisão de gás e energia elétrica gratuitas, a superindexação de benefícios previdenciários e assistenciais, e a isenção demagógica de Imposto de Renda são exemplos de gastos que precisam ser revistos.
Perspectivas para o Debate em 2026
Resta saber se, em 2026, o debate eleitoral será efetivamente pautado pelas preocupações reais do eleitorado brasileiro. A esperança é que, finalmente, a segurança pública seja tratada com a seriedade e a urgência que o momento exige.
Fonte: Estadão