Macron elogia acordo UE-Mercosul, mas adia assinatura para depois de dezembro

O presidente da França, Emmanuel Macron, elogiou as novas salvaguardas propostas para o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. No entanto, o líder francês é cauteloso quanto à confirmação da assinatura do documento em dezembro, apesar das expectativas expressas anteriormente pelo Governo brasileiro.

Contexto da Reunião e Declarações

Durante uma cúpula de líderes que antecede a COP30, Macron reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O acordo UE-Mercosul tem sido um tema de debate, com benefícios econômicos apontados para muitos setores, mas preocupações significativas para alguns produtores agrícolas, especialmente na Europa.

Macron declarou que a agenda de Lula é clara em relação à importância do acordo para a diversificação de mercados. Contudo, ele ressaltou o potencial impacto prejudicial para determinados segmentos, citando os agricultores como exemplo.

Expectativas de Assinatura e Salvaguardas

Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, havia indicado que a expectativa era de que o acordo fosse assinado em 20 de dezembro, no Rio de Janeiro, durante a Cúpula do Mercosul. Essa expectativa surgiu após um encontro entre Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A França tem sido um dos países mais críticos em relação aos termos do acordo, exigindo novas salvaguardas. Macron admitiu que a Comissão Europeia deu uma sinalização positiva sobre essas novas cláusulas, mas destacou a necessidade de ajustes para torná-las aceitáveis para todos os membros da UE. A definição de como essas salvaguardas serão refletidas pela Comissão Europeia é o ponto central das negociações atuais.

Postura Vigilante de Macron

Questionado sobre a possibilidade de a assinatura ocorrer em dezembro, Macron manteve uma postura vigilante. Ele afirmou que sua resposta definitiva dependerá da clareza na implementação das salvaguardas:

“Tenho boas esperanças, mas ainda estou vigilante, e quando tivermos visibilidade sobre a implementação da salvaguarda, a minha resposta poderá ser sim”, disse o presidente francês.

Pauta Ambiental e Metano

Além das negociações comerciais, Macron também abordou a agenda ambiental, defendendo a redução das emissões de gases metano. Ele reconheceu que a pauta pode enfrentar resistência, especialmente do agronegócio, que já lida com exigências para diminuir emissões de CO2. O presidente francês acredita que é possível unir produtores, inclusive do Brasil, em torno dessa pauta, apesar das relutâncias iniciais.

Fonte: Folha de S.Paulo