BlackRock: Economia dos EUA forte, sem bolha em IA e dólar resiliente

Benjamin Souza, da BlackRock, avalia que a economia dos EUA está forte, sem bolha em IA. Dólar resiliente e renda fixa atraente, mas atenção ao Fed.
Economia dos EUA — foto ilustrativa Economia dos EUA — foto ilustrativa

A economia dos Estados Unidos demonstra robustez, contrariando previsões pessimistas e afastando o risco de uma bolha no setor de inteligência artificial (IA). Benjamin Souza, diretor e estrategista para América Latina da BlackRock, refuta a tese de um enfraquecimento global do dólar e destaca a capacidade de recuperação da economia americana frente a ruídos políticos e tarifas de importação.

Análise da Economia Americana e Tarifas

Souza aponta que os mercados estão começando a reconhecer a força intrínseca da economia dos EUA. “Percebemos que todas as previsões de economistas e analistas no início do ano eram realmente pessimistas e eles têm tido que correr atrás dos números reais da economia”, afirmou Souza em Nova York. Ele mencionou que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA tem crescido acima de 2%. Embora as tarifas de importação tenham adicionado cerca de 30 pontos-base à inflação de bens, o impacto geral é considerado gerenciável, longe de ser catastrófico.

Apesar da inflação estar ligeiramente acima da meta, o foco do Federal Reserve (Fed) tem se deslocado para os dados de emprego, permitindo um relaxamento na política monetária. Historicamente, a economia americana gerava 125 mil empregos mensais, número que caiu para cerca de 20 mil. “As empresas não estão contratando e Powell [Jerome, o presidente do Fed] está claramente se concentrando nisso. É por isso que quer cortar taxas e continuará, num futuro previsível”, explicou o estrategista.

O Papel da IA e a Mudança Estrutural

A redução nas contratações, segundo Souza, não indica um enfraquecimento econômico, mas sim um movimento estratégico das empresas para controle de despesas e ganhos de eficiência, impulsionado pela adoção de novas tecnologias como a inteligência artificial. “Ao tomarem conhecimento das políticas deste governo, as companhias buscaram proteger seus mercados. Quando há incerteza, é preciso cortar custos”, observou. Ele prevê que o S&P 500 fechará o ano como o mais lucrativo de sua história, com margens de Lucro em ascensão.

A Inteligência Artificial contribui para a automação de tarefas, gerando um dilema para o Fed: uma economia em bom desempenho que não gera empregos na mesma proporção. Souza vê positivamente a diversificação da economia americana, que se move de um modelo baseado no consumo para um foco maior em investimentos em infraestrutura e tecnologia. “Para cada megawatt de energia que [essas indústrias] precisam, gastam US$ 38 milhões”, destacou. Essa diversificação reduz a dependência do consumo e impulsiona setores como a construção civil, gerando novos tipos de emprego e um efeito multiplicador significativo.

Perspectivas para Renda Fixa e Dólar

O cenário atual favorece a renda fixa, que oferece retornos superiores ao dinheiro em espécie. No entanto, Souza adverte sobre o risco de precificação de ativos à perfeição, tornando-os vulneráveis a mudanças na postura do Fed quanto aos cortes de juros. Caso o Fed não cumpra o esperado, investidores podem buscar alternativas como o Bitcoin, o ouro e mercados emergentes.

Apesar de algumas flutuações, o dólar se mostra resiliente. Souza argumenta que o retorno de 4% nos EUA é mais atrativo que os 2% da zona do euro, além de a economia americana ser mais produtiva. Ele enfatiza que, em sua experiência, nunca viu o dólar se desvalorizar em relação a todas as moedas globais simultaneamente. O movimento inicial de queda do S&P 500 após o anúncio de tarifas foi seguido por uma recuperação, indicando que a saída dos EUA foi um erro. “Acho que vamos parar de discutir essa ideia de deterioração do dólar.”

Tecnologia: Crescimento de Resultados Afasta Risco de Bolha

Diferentemente da bolha da tecnologia em 2000, as empresas de tecnologia atuais, como o Google, demonstram lucratividade. Souza compara as margens de lucro, que em 2000 eram de 6% a 7%, e este ano devem fechar em 14%. “Você não cria bolhas se tiver lucros como esse”, declarou. Embora possa haver ativos supervalorizados em empresas com desempenho operacional fraco, o executivo não vê risco de bolha para o setor como um todo ou para a economia em geral.

Impacto e Cenários Futuros

A estratégia da BlackRock sugere que a economia dos EUA está em uma trajetória sustentável, impulsionada por investimentos em novas tecnologias e infraestrutura. A resiliência do dólar e a lucratividade das empresas de tecnologia pintam um quadro positivo, apesar dos desafios globais. A decisão do Fed sobre os juros continuará sendo um ponto crucial para os mercados.

Fonte: Valor Econômico

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