Na manhã desta quinta-feira, os ativos financeiros voltam suas atenções para a comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e para os discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed). Esses eventos são cruciais para guiar as expectativas do mercado quanto aos próximos passos da política monetária, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Embora o comunicado mais recente do Copom tenha sido interpretado como mais rígido, o Mercado financeiro pode reforçar suas apostas em um ciclo de afrouxamento monetário, com cortes na taxa básica de juros, a Selic, já no primeiro trimestre de 2026. Paralelamente, o tom adotado pelo Banco Central brasileiro pode abrir espaço para um alívio nas taxas de juros de médio e longo prazo. Essa perspectiva é reforçada pelo recuo nos rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, que apresentaram queda nesta manhã.
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Por volta das 8h, o rendimento da T-note de dez anos cedia de 4,160% para 4,141%, enquanto o T-bond de 30 anos caía de 4,740% para 4,727%. Os futuros das bolsas de Nova York operam perto da estabilidade. Essa recuperação de parte do otimismo visto na véspera ocorre em meio a cautela com previsões pessimistas de bancos americanos sobre as grandes empresas de tecnologia (big techs). O DXY, índice que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas fortes, registrava queda de 0,18%, atingindo 99,98 pontos.
Copom mantém Selic e mercado busca sinais de afrouxamento
O Copom, em sua última reunião, manteve a Selic em 15%, reafirmando sua postura conservadora e sem indicar um prazo para o início dos cortes de juros. No entanto, participantes do mercado apontam que menções específicas à moderação da atividade econômica e ao arrefecimento das medidas de inflação podem ser interpretadas como sinais otimistas pelo colegiado. A expectativa do mercado era por um tom menos “hawkish” (favorecendo o aperto monetário), o que impulsionou os ativos domésticos na véspera. A divulgação de sondagens eleitorais indicando aumento na desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também contribuiu para o avanço do Ibovespa, que superou o patamar inédito de 153 mil pontos. Contudo, a leitura do comunicado pode gerar alguma correção na bolsa brasileira após essa sequência de recordes.
Em um cenário de agenda esvaziada de indicadores econômicos tanto no Brasil quanto no exterior, os investidores estarão particularmente atentos aos discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed). A busca por sinais que indiquem os próximos passos da política monetária americana é o foco principal.
Temporada de balanços e o futuro da Petrobras
No cenário doméstico, a temporada de balanços corporativos continua a influenciar o Ibovespa. Um dos destaques aguardados é a divulgação dos resultados da Petrobras, esperada para após o fechamento do mercado nesta quinta-feira. A análise desses resultados e as projeções da companhia serão fundamentais para o desempenho de suas ações e para o setor de óleo e gás.
As decisões de política monetária e a evolução da inflação são temas centrais para a estabilidade econômica. Analistas de mercado divergem sobre a velocidade e magnitude dos cortes de juros, mas concordam que a comunicação clara das autoridades monetárias é essencial para ancorar as expectativas e promover um ambiente de negócios mais previsível. O Banco Central do Brasil, assim como o Fed, enfrenta o desafio de equilibrar o controle inflacionário com o estímulo ao crescimento econômico.
As próximas semanas serão cruciais para entender a direção dos mercados. A persistência da inflação, a solidez da atividade econômica e a clareza na comunicação das autoridades monetárias serão fatores determinantes para as decisões de investimento em renda fixa e variável.
Fonte: Valor Econômico