Salário de Auxiliar de Cozinha: Restaurantes sofrem com falta de mão de obra

A influenciadora e empresária Isa Scherer gerou polêmica ao anunciar uma vaga para auxiliar de cozinha com salário de R$ 1.800. O valor, que correspondia ao piso da categoria em São Paulo na época, levantou um debate sobre a valorização dos profissionais de cozinha, especialmente diante do estilo de vida luxuoso associado à empresária. Isa Scherer defendeu que a empresa segue a legislação trabalhista e que tem buscado valorizar sua equipe.

O episódio evidencia um desafio crescente no setor de restaurantes: a dificuldade em encontrar e reter mão de obra qualificada para cargos operacionais. Entidades como a Abrasel e a ANR apontam a Falta de profissionais como um dos maiores obstáculos para o crescimento do setor.

Escassez de Mão de Obra no Setor de Alimentação

A pandemia agravou a escassez de mão de obra, com muitos trabalhadores migrando para áreas como aplicativos de entrega. Em São Paulo, estima-se que existam cerca de 7.000 vagas abertas em bares e restaurantes. Cargos como auxiliares de cozinha (70% das vagas), garçons (54%), atendentes (48%) e cozinheiros (42%) são os mais procurados.

Joaquim Saraiva, da Abrasel-SP, explica que o cargo de auxiliar de cozinha é uma posição de entrada, onde os profissionais aprendem no dia a dia e podem progredir na carreira. O salário de R$ 1.800, segundo ele, representa um salário base para essa função.

O SindiRefeições-SP, que representa trabalhadores de cozinhas industriais, menciona pisos normativos mais elevados (R$ 1.933,20), mas ressalta que a estrutura salarial varia conforme o porte e a demanda do cliente. Sua atuação, no entanto, não abrange restaurantes comerciais.

Novas Abordagens para Recrutamento e Retenção

Iasmin Freitas, da ANR, observa que a escassez se repete em outros segmentos do varejo. A nova geração de trabalhadores busca maior liberdade de horário e autonomia. A qualificação, embora importante, é cada vez mais integrada ao processo de Contratação, com empresas investindo no treinamento interno.

Apesar da Polêmica gerada pelo anúncio de Isa Scherer, Freitas considera a reação legítima, mas ressalta a necessidade de o público entender a complexa estrutura de custos de um restaurante, que inclui operações, insumos e tributos.

Caroline Nogueira, CEO da Premium Essential Kitchen, reforça que o salário de R$ 1.800 pode ser o piso salarial da categoria, mas o setor enfrenta forte pressão comercial e alta rotatividade. Para atrair e reter talentos, sua empresa tem apostado em estratégias criativas, como mutirões de RH nas ruas, carros de som e divulgação via WhatsApp. Essas ações têm garantido entre 30% e 50% das contratações recentes.

Nogueira destaca que a faixa etária entre 45 e 59 anos demonstra maior fidelidade. Ela defende que a discussão sobre a falta de mão de obra deve ser mais aprofundada, com maior valorização dos profissionais e superação do estigma que desvaloriza as funções de base.

Fonte: Folha de S.Paulo