A administração da Braskem sinalizou a credores internacionais que apresentará um plano de reestruturação de seu passivo financeiro até janeiro. A informação, apurada pela Coluna, surge em um momento crucial para a petroquímica, que enfrenta vencimentos significativos de juros e dívidas.
Em conversas com detentores de títulos emitidos no exterior (bonds), a companhia indicou que um plano será apresentado. Em janeiro, vencem mais de US$ 170 milhões em juros de bonds da Braskem, com um primeiro vencimento de US$ 28 milhões no dia 10, referente ao bond com vencimento em 2028. Há uma percepção de que a empresa poderá integrar esses compromissos a um escopo maior de renegociação de suas dívidas.

Negociação de linha de crédito
Paralelamente, o sindicato de bancos que liberou uma linha de crédito rotativo (revolving) de US$ 1 bilhão contratou assessores financeiros e jurídicos para negociar um novo prazo de pagamento. A linha, que vence em um ano, demandará alongamento devido à conjuntura da empresa. O prazo inicial para pagamento desta dívida é o primeiro grande vencimento da Braskem.
O segundo grande vencimento ocorrerá em 2028, quando a companhia terá 16% de sua dívida vencendo, totalizando US$ 1,241 bilhão. Fundos de investimento americanos têm sondado o mercado brasileiro sobre o tratamento desses títulos de dívida em dólares em um cenário de recuperação extrajudicial, avaliando a compra no mercado secundário.
Mercado em alerta e busca por alternativas
Em setembro, a Braskem contratou o Lazard como assessor financeiro e escritórios de advocacia para avaliar a situação e buscar alternativas. O movimento intensificou as especulações sobre uma reestruturação de dívidas. No segundo trimestre de 2025, a dívida líquida ajustada da companhia somava US$ 6,8 bilhões, com alavancagem de 10,59x.
A situação se torna ainda mais complexa com a venda do controle da empresa em andamento e a movimentação dos bancos credores, que buscam assumir a participação acionária até o final do ano. Para isso, contrataram a IG4 para estruturar um fundo onde as ações da Braskem seriam alocadas, com a IG4 se tornando parceira da Petrobras.
Novonor busca manter participação
Em paralelo, a Novonor (antiga Odebrecht) negocia para manter uma participação na petroquímica. Embora não seja a proprietária direta das ações, a Novonor tem imposto condições para a entrega dos papéis aos bancos credores. Os bancos, por sua vez, não descartam executar a garantia, referente a empréstimos feitos à Novonor, totalizando cerca de R$ 19 bilhões. Uma das condições negociadas com a família Odebrecht envolve a participação final na Braskem, com os bancos oferecendo cerca de 3,5% do capital total da petroquímica.
Os bancos Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES são credores da Novonor. A Novonor detém o controle da Braskem, com 50,1% das ações ordinárias e 38,3% do capital total. A Petrobras possui 47% das ordinárias e 36,1% do capital total.
Em resposta às apurações, Braskem, Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil, BNDES, IG4 e Novonor não comentaram. Os escritórios de advocacia também se abstiveram de comentários.
Fonte: Estadão