Brasil: Potencial de expandir florestas em 8 milhões de hectares até 2035

A COP-30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em Belém, apresenta uma oportunidade para o Brasil destacar seu potencial em ampliar a cobertura florestal. Segundo um estudo recente, o país tem capacidade de aumentar em 8 milhões de hectares a área de florestas nos próximos dez anos, o equivalente a duas Suíças.

Potencial Brasileiro em Cobertura Florestal

Este prognóstico vem do estudo “O Protagonismo das Florestas Brasileiras na Agenda Climática Global”, realizado por uma coalizão de instituições. A publicação, a ser apresentada durante a COP-30, sugere que o Brasil pode não apenas aumentar significativamente sua captura de carbono da atmosfera, mas também reverter a tendência histórica de desmatamento.

A expansão do chamado “contínuo florestal” abrange florestas nativas conservadas, atividades de restauração com espécies nativas e silvicultura para fins industriais. Essa ampliação ocorrerá através do crescimento dessas atividades e do cumprimento das metas de desmatamento zero, conforme a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil.

O estudo cita exemplos de negócios de restauração, como a re.green, com participação de investidores como Armínio Fraga e do BTG Pactual Timberland Investment Group. Iniciativas governamentais como o Plano Nacional de recuperação de Vegetação Nativa (Planaveg) e o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD), que visa recuperar 40 milhões de hectares até 2030, também são mencionados.

Vocação Natural do Brasil para a Mitigação Climática

O Brasil possui uma vocação natural para contribuir com o controle do aquecimento global. Cerca de 66% do território brasileiro é coberto por florestas, abrigando aproximadamente 40% das florestas tropicais do mundo. Esta vasta área oferece um potencial decisivo na oferta de soluções para a captura de gases de efeito estufa, crucial para a mitigação do risco climático.

“O País abriga o maior potencial de restauração florestal do planeta”, afirma o estudo, destacando que as florestas brasileiras já absorvem um terço das emissões anuais de carbono provenientes da atividade humana. Beto Veríssimo, cofundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e enviado climático para florestas da COP-30, ressalta que as metas do Acordo de Paris dependem intrinsecamente da preservação das florestas tropicais.

Veríssimo explica que a eficiência da floresta em pé na captura de carbono é superior e mais econômica que tecnologias industriais. “Existem duas maneiras de capturar carbono. Uma é com tecnologia caríssima e inviável, e a outra é com o que temos há meio bilhão de anos: o processo de fotossíntese”, declarou. A manutenção do “contínuo florestal” também garante benefícios sociais, ambientais e econômicos.

Novos Modelos Financeiros para Sustentabilidade Florestal

A concretização do potencial de elevação da cobertura florestal de 517 para 525 milhões de hectares até 2035 requer uma visão da floresta como um ativo econômico. Iniciativas como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposto pelo governo brasileiro, são importantes, mas insuficientes por si só.

Segundo o estudo, é necessário um novo modelo financeiro que integre dois sistemas: um para recompensar regiões por evitar emissões de desmatamento e degradação (Redd+ Jurisdicional) e proteger florestas existentes, e outro para assegurar a restauração de áreas degradadas através de regeneração natural e plantio de árvores nativas.

Fonte: Estadão