Selic em 15%: Copom mantém juros no maior patamar em 20 anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, estável em 15% ao ano. A decisão unânime do colegiado reflete um cenário de incertezas globais e domésticas.

Em nota após a decisão, o BC destacou que “o ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”.

Impacto da Taxa Selic na Economia Brasileira

A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para combater a inflação, cujos efeitos impactam diretamente a população, especialmente a mais vulnerável. Com a Selic em 15% ao ano, o Brasil atinge o maior patamar em quase duas décadas, similar a julho de 2006, quando a taxa estava em 15,25%.

O Comitê reafirmou sua postura cautelosa em relação aos desenvolvimentos da política fiscal doméstica e os anúncios de tarifas comerciais pelos EUA, que podem afetar a política monetária e os ativos financeiros.

Pressões por Redução dos Juros

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou a Defesa pela redução dos juros, argumentando que o patamar elevado inibe a atividade econômica. Contudo, o mercado financeiro já esperava a manutenção da Selic, prevendo o início de um ciclo de corte apenas para janeiro de 2026.

A taxa Selic permanece em 15% desde o fim de junho, totalizando três reuniões consecutivas sem alterações. O Copom, composto pelo presidente do Banco Central e oito diretores, conta em 2025 com uma maioria de indicados pelo presidente Lula, responsáveis diretas pelas decisões tomadas.

Como o Banco Central Define os Juros

A instituição opera sob um sistema de metas de inflação. A redução dos juros é considerada quando as projeções inflacionárias estão alinhadas com as metas. Caso contrário, o Copom tende a manter ou elevar a Selic. Para 2025, o sistema de meta contínua estabelece que o objetivo de 3% é cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.

A explicação para a inflação ter ficado acima da meta em junho foi atribuída a fatores como atividade econômica aquecida, câmbio, custo da energia elétrica e anomalias climáticas. O Banco Central projeta a inflação futura, considerando que as mudanças na Selic levam de seis a 18 meses para impactar plenamente a economia.

Próximos Passos e Análise de Mercado

A próxima reunião do Copom para definir a taxa Selic está agendada para 9 e 10 de dezembro de 2025. Analistas de mercado observam de perto os indicadores econômicos e as decisões futuras do Banco Central para antecipar movimentos estratégicos. A manutenção da taxa em patamar elevado sinaliza uma prioridade em controlar a inflação, mesmo com os Custos para o crescimento econômico.

Fonte: G1