Juros Futuros: Mercado Ajusta Posições Antes da Decisão do Copom

Os juros futuros registraram uma queda significativa nos prazos intermediários e longos da curva a termo, enquanto as taxas curtas estenderam o recuo iniciado na véspera. Essa movimentação ocorre à medida que os investidores ajustam suas posições antes da iminente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Mercado Especula sobre Comunicação do Copom

Com a melhora do quadro inflacionário observada desde a reunião de setembro, os agentes do Mercado financeiro aumentaram sua exposição aplicada, apostando na queda das taxas de juros prefixados. Essa expectativa gira em torno da possibilidade de o Copom suavizar sua comunicação em relação à condução da política monetária.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2027 cedeu de 13,87% para 13,84%. Já a taxa do DI de janeiro de 2029 recuou de 13,12% para 13,055%, e a do DI de janeiro de 2031 teve uma queda firme, passando de 13,425% para 13,345%.

Queda Acentuada após Ajustes Iniciais

Nas primeiras horas do pregão, os juros futuros oscilaram em torno dos ajustes do dia anterior, sem grande volatilidade. Contudo, as taxas acentuaram o ritmo de queda no meio da tarde. Os investidores apostam que o Copom poderá apresentar ajustes em seu comunicado, interpretados como uma mudança para uma postura menos conservadora.

“O mercado está indo na linha de que o Copom muda algumas coisas no comunicado”, o que está gerando um aumento das apostas de um primeiro corte da Selic em janeiro, afirma um operador de renda fixa. Segundo ele, a curva de juros futuros precifica cerca de 14 pontos-base de cortes na primeira reunião do Copom de 2026, um aumento em relação aos cerca de 9 pontos registrados no fim da semana passada.

Expectativas de Mudanças no Comunicado do BC

Entre os pontos que o mercado especula que possam ser alterados no comunicado do Copom, estão a menção de que o Banco Central estaria disposto a retomar o ciclo de alta da Selic, além da retirada do termo “bastante” da expressão “período bastante prolongado” de juros em patamar restritivo. Adicionalmente, espera-se alguma redução na projeção de inflação do colegiado para o horizonte relevante da política monetária, possivelmente de 3,4% para 3,2% ou 3,3%.

No entanto, a maioria dos economistas e participantes do mercado não antecipa grandes alterações na comunicação oficial nesta quarta-feira. Para evitar sinalizar qualquer disposição de reduzir os juros em dezembro ou abrir margem para que o mercado precifique essa possibilidade, o BC tende a manter uma postura conservadora, adiando a discussão sobre cortes da Selic para o próximo ano.

“O Banco Central está apenas começando a colher os benefícios de sua postura ‘hawkish’ e não deve mudar de rumo neste momento. O mercado está ansiosamente à procura de qualquer indício sobre quando o ciclo de flexibilização terá início, mas não acredito que tal orientação será fornecida hoje”, avalia o chefe da mesa de renda fixa de um importante banco local, sob condição de anonimato.

Ele ainda informa manter posições que apostam no achatamento da curva de juros futuros, o que significa que os juros de curto prazo caem menos ou sobem mais do que os de longo prazo. “É verdade que tem sido uma operação difícil, mas, por enquanto, continuo comprometido”, acrescenta.