O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve a Taxa Selic em 15% ao ano, uma decisão amplamente esperada pelo Mercado financeiro. Com o foco agora voltado para o início do ciclo de cortes de juros, investidores avaliam como essa manutenção afeta diferentes classes de ativos.
A renda fixa continua sendo um ambiente atrativo para quem busca segurança e retorno real, segundo especialistas. Paralelamente, as ações, impulsionadas pela perspectiva de queda da Selic e fatores externos, vivem um momento positivo.
Por outro lado, a manutenção da Selic em patamares elevados impacta negativamente os fundos imobiliários, e o crédito privado apresenta atratividade limitada devido a prêmios reduzidos.
Títulos Públicos: Estratégia Pós-Selic
Com um corte de juros esperado para o início de 2026, a alocação em renda fixa está em transição. Especialistas recomendam Títulos do Tesouro IPCA+, que entregam juro real de até 8% e oferecem proteção contra a inflação, tornando-os interessantes em cenários de corte de juros. Papéis de inflação com vencimentos mais longos são preferidos para obter melhores resultados.
Os Títulos do Tesouro Selic permanecem relevantes, oferecendo retornos reais elevados com risco mínimo. No entanto, os títulos prefixados inspiram mais cautela devido a incertezas fiscais e eleitorais, que podem gerar volatilidade nos juros futuros.
Uma análise recente indicou que o Brasil tem o segundo maior juro real do mundo, a 9,74%, o que reforça a atratividade da renda fixa local.
Crédito Privado: Atenção aos Emissores
Debêntures, CRIs e CRAs perderam parte do apelo relativo frente a títulos públicos, com spreads mais apertados. A forte demanda por esses papéis tem levado empresas a emitir dívidas com prêmios menores. É crucial uma análise cuidadosa dos emissores, evitando papéis de empresas em setores cíclicos. Debêntures incentivadas, embora populares, requerem avaliação detalhada.
O crédito privado ainda pode ser usado para diversificar a carteira, desde que com boa análise de risco ou por meio de fundos especializados. Especialistas indicam atenção à relação entre risco e retorno.
Ações: Fôlego para Valorização na Bolsa
Ainda há fôlego para valorização da Bolsa, segundo analistas. A manutenção da Selic não deve impactar negativamente os preços, e o valuation das empresas ainda é considerado descontado em relação às médias históricas. Recomenda-se manter uma carteira diversificada e uma reserva para aproveitar eventuais correções.
Setores sensíveis aos juros, como small caps, bancos, varejo e utilidades públicas, apresentam oportunidades. Setores como aviação e empresas ligadas a petróleo e celulose podem ser evitados momentaneamente.
Recomendações de ações para o mês de novembro incluem nomes como Rede D’Or e Cyrela, indicando um cenário positivo para determinados setores da bolsa brasileira.
Fundos de Investimento: Equilíbrio e Diversificação
Com a Selic em patamar elevado e expectativa de cortes moderados, fundos de renda fixa, especialmente os pós-fixados, continuam atraentes. Sugere-se o aumento de prazo em NTNBs (Tesouro IPCA+) e prefixados.
Fundos de renda variável e multimercados mantêm uma posição neutra, aguardando o comportamento dos juros de longo prazo. No câmbio, a visão é de valorização do real frente ao dólar. A perspectiva de consolidação fiscal tende a atrair fluxos estrangeiros e impulsionar fundos de pensão e investidores institucionais em fundos de renda variável.
Fundos long & short, que buscam retorno independente dos ciclos macroeconômicos, tendem a ganhar relevância. Oportunidades também persistem em fundos de crédito privado.
Fundos Imobiliários: Seletividade em Foco
A manutenção da Selic tem diminuído o apetite por fundos imobiliários. A estratégia atual favorece fundos de papel, que investem em CRIs, pois os indexados ao CDI mantêm uma distribuição mais estável.
A expectativa de queda da Selic e o controle da inflação podem beneficiar o setor imobiliário nos próximos trimestres, criando um bom ponto de entrada. Fundos que investem em galpões logísticos, com cotas descontadas, apresentam potencial de valorização. É crucial seletividade e foco no longo prazo, acumulando posições em fundos com boa gestão e ativos de qualidade.
Investimentos Internacionais: Proteção e Diversificação
O cenário de cortes na Selic aumenta a atratividade relativa dos ativos globais. Investimentos internacionais oferecem diversificação geográfica e cambial, além de proteção patrimonial contra o risco Brasil e volatilidade fiscal. É um movimento de visão de longo prazo.
Com os juros em queda no Brasil, o real tende a perder força frente ao dólar, abrindo espaço para capturar oportunidades em outras economias e exposição a setores de crescimento e inovação, como tecnologia e semicondutores, especialmente nos EUA e Europa.
ETFs globais de ações e renda fixa Internacional, como títulos do tesouro americano, são ótimas opções para diversificação. A renda fixa internacional aproveita os juros nos EUA, ainda próximos do pico.
Fonte: InfoMoney