ETFs ganham espaço: diversificação contra concentração no Ibovespa

Concentração de gigantes no Ibovespa impulsiona busca por ETFs e índices diversificados. Especialistas apontam novas tendências e personalização no mercado.
ETFs e diversificação no Ibovespa — foto ilustrativa ETFs e diversificação no Ibovespa — foto ilustrativa

A concentração de grandes empresas como Petrobras (PETR3; PETR4), Vale (VALE3) e Itaú (ITUB4) no Ibovespa levanta debates sobre a representatividade e a necessidade de diversificação. Nesse cenário, os ETFs (Exchange Traded Funds), que replicam o desempenho de índices, emergem como alternativa para uma exposição mais equilibrada.

Especialistas apontam essa concentração excessiva como um dos principais motivos para gestores buscarem novas formas de gerar alfa e reduzir riscos ligados a commodities e variáveis macroeconômicas globais.

Cristiano Castro, da BlackRock Brasil, e Diego Roa, da FTSE Russell, enfatizam que o investidor brasileiro tinha Acesso limitado a ETFs que refletissem amplamente diversos setores da economia. “O mercado local era muito concentrado. Agora, há uma busca por produtos que permitam exposição à economia doméstica e a setores ainda pouco representados no índice tradicional”, afirmam.

Mercados emergentes demandam índices personalizados

Diego Roa destacou a personalização como crucial em países emergentes, dadas as distintas realidades econômicas. “A parametrização global nem sempre funciona. O Mercado brasileiro é diferente do mexicano, que é diferente do indiano. Por isso, a customização é fundamental para oferecer soluções relevantes aos investidores locais”, disse.

Essa adaptação responde à necessidade de proteger o investidor diante da rápida emergência de novas tendências, como o boom das empresas de biotecnologia durante a pandemia e, mais recentemente, a ascensão de companhias de robótica e Inteligência Artificial. “O investidor quer participar do tema, sem o risco de escolher a empresa errada. Então, ele investe em cestas temáticas, o que reduz o risco idiossincrático”, explicou.

Esses índices temáticos são ferramentas essenciais para gestores capturarem movimentos setoriais ou tecnológicos sem depender do desempenho de uma única companhia. “O papel do formador de índice é justamente classificar bem essas empresas, entender de onde vem a Receita e ajustar conforme elas evoluem”, observou Castro.

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Tecnologia impulsiona nova geração de índices

Essas discussões ocorreram no podcast Stock Pickers, que abordou como a tecnologia tem revolucionado a estruturação, monitoramento e investimento em índices e ETFs. Roa revelou que a FTSE Russell administra mais de um milhão de índices globalmente, graças à capacidade computacional e ferramentas digitais.

“A tecnologia mudou completamente a forma de olhar o portfólio. Hoje, com o celular, o investidor consegue entender o papel de cada ativo dentro da carteira. Isso era impensável há poucos anos”, afirmou.

Castro complementou que a qualidade do índice reside em critérios claros e replicáveis. “Não se trata de dizer qual ativo é melhor, mas de garantir transparência e padronização, para que qualquer investidor saiba o que está dentro da cesta”, disse.

Escalabilidade e replicabilidade são fatores decisivos para o sucesso de um índice, garantindo que gestores possam replicá-lo com eficiência, tornando o produto acessível e confiável, completou Roa.

ETFs ativos e tokenização moldam o futuro do mercado

Cristiano Castro considera o mercado global de ETFs em um “momento de inflexão”, com o avanço dos ETFs ativos — focados em geração de alfa, proteção de capital ou renda. “Há uma migração natural da gestão ativa para estruturas mais transparentes e baratas, e os ETFs estão liderando essa mudança”, declarou.

O executivo citou o crescimento dos ETFs de criptoativos, como os de Bitcoin e Ethereum, como inovação recente. “O ETF de Bitcoin spot foi o que mais rápido atingiu US$ 50 bilhões em valor, um marco inédito na indústria”, destacou.

A próxima fronteira, segundo ele, é a tokenização de instrumentos financeiros, permitindo negociações 24 horas em diferentes jurisdições. “Vamos ver ETFs e fundos tokenizados, o que vai ampliar o acesso global e reduzir barreiras operacionais”, previu.

Castro acredita que essa revolução remodelará a indústria nos próximos cinco anos. “A gente está vivindo um período de inovação acelerada. Em pouco tempo, ETFs deixarão de ser apenas instrumentos de diversificação e passarão a ocupar o centro da arquitetura financeira global”, concluiu.

Discussão sobre ETFs, índices e o futuro do mercado financeiro.

Fonte: InfoMoney

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