O Brasil chega à COP-30 com uma Estratégia Nacional (ENB) e um Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio) construídos coletivamente em dois anos com a participação de governos, cientistas, empresários, ambientalistas e outros setores sociais. É um feito notável pelo prazo curto e consenso final, apesar da diversidade de atores.
O desafio é tirar o plano do papel com metas claras, infraestrutura adequada e foco na redução geral da pobreza. A próxima década exigirá Disciplina na execução, coragem para correções, aprimoramento de detalhes e compromisso firme de governos e sociedade em transformar nossa riqueza biológica em prosperidade compartilhada por todos.
Aprimoramento das Metas da Bioeconomia
O plano valoriza a sociobiodiversidade e coloca a inovação como pilar para superar nossa condição de meros exportadores de matéria-prima. As contribuições do Instituto de Engenharia na consulta pública do PNDBio iluminam os pontos críticos que exigirão atenção redobrada.
O primeiro é aprimorar a definição das metas. Um plano orientado por missões, como propõe o PNDBio, depende de objetivos claros e mensuráveis, linhas de base, valores-alvo, marcos intermediários e indicadores precisos.
Sem isso, há risco de execução descoordenada, baixa responsabilização e pouca credibilidade perante investidores e sociedade. Cada meta precisa ser auditável, com responsáveis definidos e prazos explícitos.
Bioeconomia e Combate à Pobreza
Em segundo lugar, a prosperidade precisa ter rosto: a bioeconomia se organiza, principalmente, em territórios onde a pobreza é maior, e, assim, combatê-la precisa ser um objetivo central e mensurável.
O plano deve explicitar a “redução da pobreza por meio da geração de renda em territórios da bioeconomia”, alinhando a transformação produtiva à finalidade social.
Infraestrutura para a Bioeconomia
Projetos-piloto não transformarão o País, por isso propomos mais uma missão: “Infraestruturas para a Bioeconomia”, reunindo investimentos em logística, biousinas regionais, conectividade digital, institutos técnicos em cada bioma e redes de ciência e tecnologia.
Sem esse ecossistema, as melhores iniciativas correm risco de permanecer isoladas. Um “Sebrae das Bioeconomias”, capilarizado, é estratégico para levar assistência técnica a pequenos e médios empreendedores da Floresta e do campo. Por fim, reforçamos o mote de André Aranha Corrêa do Lago: “É preciso fazer de Belém a COP da implementação”.
O Futuro da Bioeconomia Brasileira
O PNDBio só se prova na entrega: metas auditáveis, com responsáveis e Orçamento e com o combate à pobreza no centro das decisões. Depois da COP-30, o julgamento será pelo que saiu do papel.
Fonte: Estadão